Especialistas sustentam que identidade acreana e matéria-prima fazem a diferença e impulsionam setor
Do místico Kenê às fibras, cocos e sementes se constrói uma rede que mobiliza nada menos que 12 mil pessoas e movimenta R$600 mil ao ano em todo o Estado do Acre, numa estimativa formal feita pelo departamento que cuida do programa de artesanato do Sebrae. Passam ao longo dessa projeção várias comunidades e associações indígenas, que comercializam seus produtos sem a conexão com os órgãos de fomento.
Mas é chegada a hora das comunidades produtores encarar novos desafios. O mais importante deles certamente é o da qualidade. Para o responsável pelo programa do Sebrae, Aldemar Maciel, o grande diferencial entre o que se produz no Estado em comparação ao de outros Estados é a própria identidade acreana e a matéria-prima. Nesse contexto, a jarina, que encontra no Acre boa produção, se destaca e mostra sua força ao se transformar em colar, pulseira, brincos e adereços diversos.
"O artesanato é um instrumento de empoderamento comunitário", sustenta o secretário de Esporte, Turismo e Lazer, Cassiano Marques. O Sebrae e o Governo do Estado querem ir além e já potencializaram antiga parceria que deverá levar o Acre a novos mercados. "O futuro do artesanato é chegar a outros compradores", disse Maciel.
O artesanato acreano vive o tempo do pontocom no atacado. O site http://www.artesanatoacreano.com.br/ mantém catálogo com belas peças produzidas por vários profissionais dirigido principalmente às empresas revendedoras do Brasil e do exterior.
O site informa que "é da floresta que são extraídas as matérias primas para a produção do artesanato acreano. Seus atores dedicam-se a um processo de produção que envolve várias etapas (o manejo, na coleta, a imunização da matéria prima, o processamento e a concepção das peças antes da comercialização). Esse processo exige também a adoção de uma atitude de responsabilidade e respeito à natureza por parte de quem o vivencia".
A magia do Kenê – Segundo se sabe, a história do Kenê é a seguinte: "Os mais antigos contam que um dia, Siriane foi buscar água e, a caminho do Igarapé, ela ficou encantada com os desenhos no corpo de uma tumuyã (jibóia). Ao aproximar-se da jovem, a cobra se transformou num lindo rapaz e prometeu ensinar Siriane a reproduzir os desenhos de seu corpo, com a seguinte condição: ela deveria transmitir o aprendizado para outras mulheres. Enciumado com a dedicação de Siriane, seu marido acabou matando Yube (a jibóia) e ela também". Até hoje, se mito ou realidade, o Kenê se mantém como uma expressão artística exclusiva das mulheres Huni Kunî. A arte está presente em variadas peças.