Crianças vão mostrar o resultado das aulas de canto, percussão, yoga, balé e teatro que são realizadas na sede do projeto
"Sem o Som da Floresta eu fico sem saber aonde ir, a gente fica perdido, sem vida", foi o que disse a aluna Vanessa Barbosa, de 10 anos que participa do projeto desde 2008. Vanessa faz parte de 60 crianças com idade entre 4 e 16 anos que durante o período que não estão na aula estão no Ponto de Cultura do bairro Wanderley Dantas participando do Projeto Som da Floresta que oferece de segunda a sábado aulas de canto, percussão, yoga, balé e teatro. São estas atividades que serão apresentadas neste sábado, às 19 horas, no Teatro Plácido de Castro com entrada franca.
O projeto Som da Floresta é uma das ações da ONG Vertente que iniciou em julho de 2001 com o objetivo de defender o uso e conservação dos Recursos Hídricos. A primeira atividade da ONG foi cuidar do Igarapé Judia oferecendo oficinas de educação ambiental para jovens do bairro Sobral. Hoje, o projeto de educação ambiental está na comunidade do lago do Amapá onde 25 mulheres recebem capacitação nas áreas de serigrafia, confecção de lençóis e vidro fusão, possibilitando renda à comunidade que cuida do local.
Em 2002, com recursos da Lei Estadual de Incentivo a Cultura, a ONG Vertente iniciou o projeto Som da Floresta. A escola Natalino de Brito foi o local onde cerca de 50 crianças dos 7 aos 13 anos utilizavam latas de tintas e outros objetos descartáveis para tocar percussão. Em abril de 2004 o projeto mudou de local indo para o Bairro Wanderley Dantas no pátio da Igreja Católica. As crianças da comunidade Santa Luzia receberam aulas de capoeira, canto, percussão e aprenderam a construir instrumentos usando elementos da floresta como: bambu, ouriço de castanha, jarina e refugo de madeira. No ano seguinte um convênio com o Ministério da Cultura torna o projeto um Ponto de Cultura e assim começa a se instalar a sede própria, também no Bairro Wanderley Dantas, na Rua Pequena Jéssica, n. 550. "Nós fomos muito bem recebidos e a comunidade é que toma conta da nossa sede. Estamos há cinco anos trabalhando no bairro, temos sala com computadores, televisor, som, geladeira e nunca ninguém mexeu em nada, eles entenderam a importância do projeto e cuidam com carinho do espaço", disse Célia Pedrina, fundadora da ONG Vertente.
Além das atividades de segunda a sábado, o Ponto de Cultura também vai oferecer à comunidade um cineclube aos domingos com o objetivo de aproximar os moradores oferecendo cultura e diversão.
O resultado desse trabalho é reconhecido pela sociedade que sempre convida as crianças a se apresentarem em aberturas de eventos, seminários, congressos e outros. "Eu fico muito feliz quando eu olho e vejo minha família e amigos me aplaudindo" disse Maria Iracema, de nove anos que toca percussão. Em 2008 participaram do festival de praia no município de Plácido de Castro e em 2009 doze crianças foram a Brasília participar da amostra dos Pontos de Cultura e se apresentaram em um palco ao lado do mestre Salú, ícone da cultura nordestina.