A Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), por meio do Departamento de Promoção da Igualdade Racial (Depir), e instituições parceiras, realizou nesta quinta-feira, 22, capacitação de multiplicadores em promoção da igualdade racial e equidade de gênero. O evento foi articulado pela Secretaria Adjunta de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seadpir).
A capacitação, realizada no auditório da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Acre (Adufac), reuniu representantes de movimentos sociais ligados à população negra, indígena e LGBT com o objetivo de capacitá-los para levar o debate aos movimentos sociais buscando, a partir do reconhecimento da identidade racial, a garantia dos direitos da classe.
De acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 70% da população acreana é negra, embora muitos ainda não se identifiquem. Segundo a chefe do Departamento de Promoção da Igualdade Racial da Sejudh, Almerinda Cunha, grande parte dessas pessoas é vitima de intolerância racial e a capacitação visa preparar multiplicadores de uma cultura de paz e respeito social.
“Esta capacitação é um grande desafio. Queremos que todos os participantes saiam daqui capacitados para promover o debate nas escolas, pelo estado, em seus grupos sociais, suas comunidades e repartições publicas onde elas estiverem. Precisamos difundir direitos e deveres dessa população”, disse Almerinda Cunha.
“O racismo e a intolerância são muito presentes em nossas vidas, e as pessoas precisam ser instruídas sobre os direitos e deveres de todos diante da sociedade, independentemente da cor, classe social, opção sexual ou religiosa”, disse a gestora da Seadpir Elza Lopes.
Durante o evento, foram expostos depoimentos de mulheres acerca da violência sofrida pelo fato de serem negras. Mayara Chaves, representante da comunidade negra em Senador Guiomard, afirma que já foi excluída de grupos trabalho por ser afrodescendente. “Tive uma infância marcada por constrangimento e dor, e na juventude não foi diferente, pois cheguei a evitar até mesmo sair de casa, mas hoje entendo o valor de uma pessoa independentemente da cor da pele. Eu me amo e tenho orgulho de ser negra”, disse.
Representando as comunidades indígenas de Tarauacá, Valderina Kaxinawa considera que as pessoas precisam conhecer e valorizar a cultura e história dos povos indígenas e aprender a conviver sem indiferença. “Estamos numa sociedade que precisa se unir e enfrentar os preconceito que sofremos”, ressaltou.
No Brasil estima-se que, em 2017, 445 pessoas foram mortas em crimes motivados por homofobia. O número representa uma vítima a cada 19 horas. A estudante Luana Mayara considera que os dados apontam como o preconceito impera na sociedade. “Eu sou vitima desse comportamento desumano por ser negra, lésbica e de matriz africana. O que falta nas pessoas é cultura, educação e, acima de tudo, respeito. Precisamos agir, afinal, somos humanos”, afirma.
Promoção da igualdade
Criado em 2011, o Departamento de Promoção da Igualdade Racial realiza ações de combate ao racismo e de garantia dos direitos das minorias.
A luta por igualdade racial é um dos desafios entre as discussões que permeiam as políticas públicas de direitos humanos em todo Acre. No decorrer deste ano, projetos serão desenvolvidos pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos em todo o estado em prol de uma sociedade com menos discriminação.