Três histórias acreanas estão entre as 40 ganhadoras do programa de inclusão e formação audiovisual
Arte na Ruína (Xapuri), O Espírito da Floresta (Marechal Thaumaturgo) e Seu Nome Era Brasília (Brasiléia), são os projetos de roteiro acreanos que figuram entre os 40 ganhadores do Revelando Os Brasis III, um dos mais significativos programas de fomento à produção audiovisual independente no país, promovido pelo Ministério da Cultura, por meio da Secretaria do Audiovisual e pelo Instituto Marlin Azul.
Um dos contemplados, o Arte na Ruína é um projeto formado por jovens de Xapuri, que nasceu devido à falta de um espaço onde o grupo pudesse desenvolver sua arte. A solução encontrada pelos jovens artistas foi a de ocupar a antiga delegacia do município, utilizando cada cela como núcleo para apresentar música, dança e teatro. O caldeirão artístico já começa a render bons frutos, como um dos projetos contemplados no Revelando Os Brasis III.
"Estávamos numa expectativa muito grande e foi emocionante receber a notícia" comemora Wagner San, proponente do projeto. "A contemplação nos faz querer buscar mais. Ainda precisamos criar melhores condições de cenografia, estruturação do espetáculo e formação dos artistas".
O presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour, Daniel Zen, comenta que a participação de projetos acreanos foi maior nesta edição devido à divulgação do programa nos municípios acreanos com menos de 20 mil habitantes, que contou com o apoio do Governo do Estado.
"O Revelando Os Brasis é um programa que trabalha a descentralização e democratização do acesso aos bens culturais, permitindo que pessoas narrem histórias, por meio do audiovisual, se capacitem na área com as oficinas, tenham contato com as tecnologias digitais, e se transformem em receptores críticos. A FEM formou uma parceria com o programa naturalmente e procuramos divulgar o edital pelo interior, pois entendemos que o programa trabalha a memória e a diversidade cultural do país, criando um rico mosaico sobre o Brasil. A idéia é que o Acre faça parte desse diverso olhar", disse Daniel Zen.
Foram analisados mais de 670 trabalhos de todas as regiões do país, de onde dezoito estados tiveram histórias selecionadas: Bahia (4), Minas Gerais (4), São Paulo (4), Acre (3), Paraná (3), Rio de Janeiro (3), Rio Grande do Norte (3), Ceará (2), Espírito Santo (2), Goiás (2), Paraíba (2), Pernambuco (2), Mato Grosso do Sul (1), Pará (1), Rondônia (1), Rio Grande do Sul (1), Santa Catarina (1) e Tocantins (1).
Os quarenta autores dos projetos participarão de um Curso de Formação e Realização Audiovisual, realizado no Rio de Janeiro, de 24 deste mês a 5 de julho. O curso oferecerá oficinas de introdução à linguagem audiovisual, roteiro, direção, produção, fotografia, som, edição, direção de arte, pesquisa, mobilização, direitos autorais e comunicação colaborativa.
A segunda fase do Revelando Os Brasis vai transformar cada história em um curta-metragem (15") documentário e ficção, apresentados nas próprias comunidades no Circuito Nacional de Exibição do programa, que disponibiliza uma tela de cinema para o município. Além da exibição no Canal Futura e do lançamento em DVD com distribuição gratuita entre organizações sociais e culturais, bibliotecas, universidades e cineclubes de todo o Brasil.
"É muito gratificante saber que a história do nosso trabalho vai ser contada para o Brasil inteiro e até mesmo para o exterior. Vejo o Arte na Ruína como o carro chefe de futuros projetos, pois nós temos idéias e temos propostas" diz Wagner San, que embarca nesta segunda-feira, 23, para o Rio de Janeiro para participar da oficina do Revelando Os Brasis.
Programa de fomento – O Revelando os Brasis surgiu com objetivo de promover a inclusão e a formação audiovisuais por meio do estímulo à produção de vídeos digitais. É dirigido a moradores de municípios brasileiros com até 20 mil habitantes.
Revelando os Brasis nasceu na Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, em 2004, e faz parte de um conjunto de ações para democratizar o acesso aos meios de produção audiovisual, permitindo aos moradores das pequenas cidades o contato com as novas tecnologias e a possibilidade de contar as suas próprias histórias, promovendo a criação de obras que retratem o seu universo simbólico.