Com uma proposta pedagógica pensada para alunos do ensino médio da rede estadual que cumprem medidas socioeducativas e se encontram em distorção idade/série, o Instituto Socioeducativo (ISE), em parceria com a Secretaria de Estado de Educação e Esporte (SEE), criou o projeto Novo Olhar.
Focado para o universo do trabalho, desenvolvimento de aptidões e formação de cidadania plena, o projeto tem como objetivo oferecer aos socioeducandos um novo olhar na educação capaz de resgatar vidas de jovens que se envolveram no mundo da vulnerabilidade.
“Esse é um direito dos adolescentes em atendimento socioeducativo e que está sendo colocado em prática. Aqui eles têm acesso aos livros, mas com a participação dos professores o trabalho se torna mais eficaz”, disse Rafael Almeida, diretor-presidente do ISE.
Segundo Almeida, os internos têm se mostrado entusiasmados com as ações de educação oferecidas pelo governo do Estado dentro das unidades, por verem nos estudos a esperança de uma nova vida ao sair do centro.
A professora Lúcia Regina lembra que na Escola Darquinho, que funciona sob a responsabilidade do ISE, o projeto Novo Olhar também está inserido.
“No Centro Mocinha Magalhães, a equipe pedagógica distribui livros de vários gêneros literários aos internos, com trocas semanais, para estimular a leitura”, destacou.
Novos caminhos e oportunidades
No Centro Socioeducativo Santa Juliana, a coordenadora pedagógica da unidade, Anatalina Figueiredo, identificou 27 adolescentes que interromperam os estudos ao se iludirem com o crime, mas decidiram mudar essa realidade.
Anatalina realizou cadastro dos adolescentes no Ministério da Educação (MEC). A partir daí, foi autorizado um plano de ensino especial denominado “aulão”, para atualizar disciplinas dos socioeducandos do 1º ao 3º ano do ensino médio e a inscrição no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
“O que o governo está fazendo traz uma oportunidade de efetivamente colocar no patamar de ressocialização todos nós que cometemos algum delito e estamos à margem da sociedade. Por meio deste ‘aulão’, temos a oportunidade de recomeçar e voltar ao convívio social da forma mais racional possível”, afirmou N.C., de 15 anos.
“Aulões” pré-Enem fazem a diferença
Ao todo, 102 jovens dos centros da capital e do interior em atendimento socioeducativo realizaram o Enem. O resultado surpreendeu – os alunos com idade entre 14 e 15 anos obtiveram notas que variam de 470 a 720 pontos.
O desempenho dos adolescentes foi tão positivo que, se tivessem o ensino médio concluído e a idade adulta, pela pontuação no Enem ingressariam em vários cursos superiores.
Para mantê-los em sala de aula, o ISE e a SEE atuam juntos no Programa Especial do Ensino Médio (PEEM), cuja grade curricular está em análise, com previsão de aulas a partir de agosto deste ano.