“Já aconteceu de alguns clientes me chamaram de ‘Seu Zé’, por eu estar usando chapéu. Respondi que o correto seria ‘Dona Maria’.”
A afirmação bem humorada é da acreana Maria José Macedo de Almeida, 50 anos, que exerce a profissão de marceneira.
Mais comum entre homens, o ofício de fabricar móveis é desempenhado há 30 anos por ela, que descobriu a vocação após um divórcio. “Era dona de casa quando separei do marido. Para sustentar os filhos, resolvi trabalhar como marceneira e me descobri”, contou.
A ousadia da ex-dona de casa, no início, foi alvo de preconceito. “As pessoas chegavam para comprar, mas quando viam que não havia nenhum homem, davam a desculpa de que voltariam depois”, relembrou.
A marceneira, que hoje trabalha no Polo Moveleiro de Rio Branco, já possuiu uma marcenaria no quintal de casa. Sem infraestrutura e em local inadequado para produção, Maria pensou em mudar de ramo.
“Já ia até desistir, mas recebi o convite do governo do Estado para participar do Primeiro Encontro dos Marceneiros. Fui, e lá resolvi entrar numa cooperativa. Hoje tenho condições de trabalho adequadas e tiro uma média de quatro salários mínimos por mês”, destacou.
A sociedade a que Maria se refere é a Cooperativa de Marceneiros do Acre (Coopermoveis), que gera renda e emprego para mais de 20 famílias da capital.
Estimulada pelo poder público, a cooperativa já recebeu mais de R$ 600 mil em investimentos do governo do Estado, por meio da Secretaria de Pequenos Negócios.
Os maquinários necessários para a produção foram instalados em galpões coletivos do Polo Moveleiro, administrado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (Sedens).
No sábado, 19, celebrou-se o Dia do Marceneiro. Indagada sobre sua satisfação pessoal, Maria é enfática: “Sou muito feliz sendo marceneira. Produzi todos os móveis da minha casa com muito carinho. Até tentei fazer outras coisas. Uma época inventei de vender artesanato, mas não deu certo”.