Quem prestigia as feiras realizadas no Via Verde Shopping sempre pode conferir o trabalho de artesãos de longa data e iniciantes no segmento. Participantes pela primeira vez da exposição deste fim de semana, Natali Menezes e Gabriela Lima têm algo mais em comum: possuem pouco mais de 20 anos e encontraram no artesanato o meio que precisavam para serem donas do próprio empreendimento.
Natali é natural de São Paulo (SP) e filha de acreana. Segundo conta, depois de concluir o ensino médio passou a trabalhar para o setor comercial, onde não encontrou total identificação com o emprego. O que desejara desde sempre era algo que lhe permitisse criar, inovar, reinventar.
Foi quando surgiu a oportunidade de trabalhar em uma escola de público infantil. “Eu ajudava a cuidar das crianças e para prender a atenção delas passei a criar coisas usando a criatividade com o EVA. A partir daí percebi que eu tinha um certo talento, do qual poderia aproveitar melhor”, diz.
E foi assim que tudo começou. Tempo depois, o talento que era usado apenas para a complementação de um material pedagógico passou a criar objetos de decoração de casas, festas infantis e muito mais.
“Até que um dia saí dessa escola e fiquei desempregada e comecei a dedicação exclusiva à produção das peças decorativas. Depois disso não parei mais, apesar de que em São Paulo o mercado não me favorecia muito”, acrescenta.
Acre, um lugar de portas abertas
Recentemente Natali se casou. E foi durante breve retorno da mãe ao Acre, que veio para alguns dias de férias, que as notícias relatadas à filha sobre o mercado do artesanato passaram a indagar a jovem com a pergunta: por que não ir para lá?
Ela diz que não pensou muito. Chegou ao estado há pouco tempo com o esposo, que também já decidido a ficar, prestou concurso público e aguarda o resultado final.
Ao ouvir falar da Secretaria de Pequenos Negócios (SEPN), Natali procurou a instituição e foi cadastrada como artesã e habilitada para participar das feiras, junto à coordenação do Artesanato Acreano, vinculada à SEPN.
Ainda, será incluída no Programa Pequeno Negócio Jovem, que aguarda liberação de recurso federal para ser lançado, com a previsão de que dezenas de jovens empreendedores sejam replicadores de conhecimento técnico a outros jovens que cumprem medidas socioeducativas em unidades do estado.
“Para mim foi o sinal de um novo começo. Vi que aqui se investe muito em cursos e as oportunidades são bastante incentivadoras. Acredito que é aqui mesmo que vou crescer e expandir meus negócios, vou me esforçar para isso porque estou muito grata”, enfatiza.
Já Gabriela Lima é natural do Acre e o dom já veio de berço. Quando criança, via a mãe se dedicar à pintura e criação de peças decorativas, o que segundo ela, sempre trazia os filhos para perto pela curiosidade. Mas foi há dois anos que o artesanato passou a ser sua fonte de renda.
“Eu me vi desempregada e isso me levou para um abismo de identidade, de precisar me encontrar em algo que eu pudesse fazer e me sentir realizada e ganhar dinheiro com isso”, relata.
A jovem decidiu seguir os passos da mãe e se dedicar, portanto, à pintura. Posteriormente, o trabalho foi sendo ampliado e diversificado. Hoje Gabriela confecciona peças utilizando como matéria-prima o bambu, pedras e sementes. “Tento mesclar um pouco de tudo e vou seguindo o que vejo que é mais tendência de acordo com a clientela”, explica.
Assim como Natali, também foi com o artesanato que Gabriela tirou uma grande lição pessoal: que dedicação total ao trabalho só se dá quando se encontra a profissão certa.
“Por isso estou tão feliz em ser dona do meu próprio tempo, porque a carteira assinada era algo massacrante pra mim. Além disso, estou alegre em participar da feira, que pode me trazer novas encomendas e mais clientes”, finalizou.
Feiras no shopping – vitrine do artesanato acreano
O projeto de feiras mensais executado pela Secretaria de Estado de Pequenos Negócios (SEPN), com a parceria do Sebrae e do gabinete da primeira-dama Marlúcia Cândida, chegou à sua 18ª edição neste fim de semana, com a participação de mais de 30 artesãos. No sábado, 23, e no domingo, 24, a feira traz ao público das 10 às 22 horas, variedade de produtos.
Para a coordenadora do Artesanato Acreano Marilda Brasileiro, as feiras no shopping, aliadas à conquista do espaço do artesanato com a loja Acre Made in Amazônia – também no estabelecimento comercial -, têm ajudado a ampliar a divulgação local dos produtos acreanos.
