Governo debate implantação do Programa de Florestas Plantadas

Na primeira fase serão plantadas seringueiras e castanheiras na florestas do  Vale do Acre. Detalhamentos e linhas de financiamento foram discutidas no Seringal Cachoeira

 

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Programa irá fomentar o plantio de sengueiras e castanheiras no interior da mata nativa (Foto: Angela Peres/Secom)

O Governo do Acre deu início nesta quarta-feira, 29, aos debates públicos acerca do Programa de Florestas Plantadas em reunião com lideranças sindicais e gestores de órgãos públicos e instituição financeira realizada na Pousada do Seringal Cachoeira.

O programa é coordenado pelas Secretarias de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof) e de Florestas (SEF) e nesta fase inicial irá fomentar o plantio  de seringueiras e castanheiras no interior da mata nativa como meio de adensar espécies econômicas primeiramente nos municípios de Epitaciolândia, Brasiléia, Capixaba e Xapuri, dotando essas regiões de IAPs (Ilhas de Alta Produtividade).

Num segundo momento, o programa estimulará o cultivo, também em floresta fechada, de espécies frutíferas como açaí.  Ao fazer o adensamento, a  proposta é reduzir as distâncias entre seringueiras e castanheiras, elevando a produção extrativista com menor esforço e custo de mão-de-obra. Parceira do programa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveu duas variedades (FX 4098 e CNS 7905) de  seringueira de alta produtividade e resistentes ao Mal das Folhas, e a fabricante de pneus Michelan mantém projeto para o desenvolvimento de clones.  "Temos a responsabilidade de discutir essa questão, que é um problema de todos nós", disse o presidente do STR de Brasiléia, Rosildo Rodrigues.

Estiveram presentes ao encontro os secretários de Estado  Nilton Cosson (Seaprof), Carlos Ovídio (Seaprof), o superintendente do Banco da Amazônia, Marivaldo Melo; a prefeita reeleita de Brasiléia, Leila Galvão,  e cientistas  como Tadeu Marinho, da Embrapa, além de dirigentes dos sindicatos de trabalhadores rurais de Brasiléia, Epitaciolândia e Xapuri.

O Programa de Florestas Plantadas está contido na Política de Valorização do Ativo Ambiental Florestal lançada em setembro passado pelo governador Binho Marques.  Entre várias medidas, a política regulariza o passivo ambiental, cria programa de certificação de propriedades  e unidades de conservação;  regionaliza o subsídio da borracha e institui a Comissão de Gestão de Acidentes Ambientais. Além do Programa de Florestas Plantadas, a   política contém ainda  o Plano de Valorização do Ativo Ambiental Florestal; Plano de Recuperação de Áreas Alteradas; Programa de Certificação de Propriedade Rural Sustentável. Essas alternativas baseiam-se no Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE).

O programa contará com linha de financiamento do Banco da Amazônia,  que possui créditos específicos para o readensamento florestal com juros facilitados e liberação desburocratizada pelo Programa Nacional de Agricultura Familiar, como o Pronaf Floresta, destinado ao financiamento de projetos de silvicultura e sistemas agroflorestais e exploração extrativista sustentável. Os juros são de 3% ao ano, prazo de até 12 anos, com até oito anos de carência, ou o Pronaf Agroecologia, que pode ser concedido a agricultores familiares que pretendem adotar sistemas de produção agroecológicos ou que já utilizam sistemas agroecológicos ou orgânicos, incluindo-se os custos relativos  a  implantação e manutenção. A taxa de juros é de 3% ao ano.  De acordo com a Seaprof, mais de 500 agricultores familiares já se cadastraram em Xapuri, Brasiléia e Epitaciolânida para acessar aos financiamentos de florestamento.  "O reflorestamento é importante inclusive para nossa sobrevivência", disse a prefeita Leila Galvão.

As áreas prioritárias para implementação dessa política do ativo ambiental  são as de influência direta das BRs 364 e 317 e rodovias estaduais; áreas ocupadas pela agricultura familiar em projetos de assentamento, pequenos produtores em posse e grandes pecuaristas, além de áreas florestais de seringais.  Serão fomentadas atividades que aumentem a qualidade do meio ambiente, por conseguinte, qualidade de vida para as comunidades rurais e seus reflexos em uma Amazônia saudável e protegida por políticas públicas adequadas.

De acordo com a SEF, o Governo do Acre quer devolver a floresta 250 milhões de árvores nos próximos vinte anos. Atualmente, o Viveiro da Floresta é o principal centro de produção de mudas de diferentes espécies da flora Amazônica. Há em debate a idéia de se descentralizar o viveiro, de modo que unidades familiares possam produzir mudas com a mesma qualidade.  "O Estado do Acre reúne amplas possibilidades de trabalhar com áreas alteradas", afirmou Marivaldo Melo ao expor as linhas que podem estar disponíveis aos agricultores na recuperação do ativo ambiental de suas propriedades.