Comunidades do Rio Juruá, Floresta Estadual do Rio Gregório e Rio Croa se reuniram com o governo do Estado, no ginásio Jáder Machado, em Cruzeiro do Sul, para comemorar e firmar novas parcerias. A população rural do Juruá tem hoje a certeza de que o estado do Acre os reconhece como protetores da floresta e trabalhadores insubstituíveis.
O espaço, totalmente tomado por mais de 800 moradores de rios, ramais e colocações distantes de toda a região do Juruá, foi palco do anúncio de mais de R$ 4 milhões, por parte do governo do Estado e parceiros, e outros R$ 8 milhões em investimentos do Instituto Nacional de Terras (Incra), beneficiando mais de três mil famílias.
Foram assinados convênios de apoio à produção florestal não madeireira, entregues bônus de certificação às famílias de produtores do Complexo de Florestas do Rio Gregório, na BR-364 e entorno, e o contrato de apoio à realização da terceira edição do Copão da Floresta, além de anunciada a parceria do Incra com o estado e a comunidade do Croa para uma gestão compartilhada do território com turismo e fomento à produção.
“Esta é uma agenda especial. Fortalece o desenvolvimento sustentável em várias cadeias produtivas. Estamos fazendo um anúncio de mais de 12 milhões de reais para beneficiar mais de três mil famílias da região do Juruá”, disse Edegard de Deus, secretário de Estado de Meio Ambiente. Ele também pontuou que 500 moradores da Floresta do Gregório estão recebendo uma parcela do bônus por manejarem a floresta sem o desmate. O recurso é proveniente do banco alemão KfW.
Os recursos são oriundos da segunda etapa do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Acre (PDSA II), financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), do Programa Global REED Early Movers, incentivado pelo KfW, e do Fundo da Amazônia, por meio do Programa de Valorização do Ativo Ambiental Florestal, que contém recursos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
As cadeias produtivas e o povo da floresta
Rivaldo Pereira, da comunidade Nova Cintra, em Rodrigues Alves, fala da alegria que é poder ver todos trabalhando em comunhão: “Esta parceria tem sido só satisfação. Nós, da associação, queremos ajudar todas as 250 famílias da comunidade, como o governo tem nos ajudado”. A Indústria de Óleos da Nova Cintra comercializou no último ano mais de 13 toneladas de óleo de murmuru.
Vivendo em uma floresta, seja na estadual do Rio Gregório, do Rio Croa ou ao longo do Rio Juruá, esses trabalhadores rurais ajudam a manter a natureza viva e produtiva. Com pagamento de bônus para os manejadores que não derrubam a mata, construção de açudes, entrega de casas de farinha, tratores e galpões para comércio e armazenamento da produção e ainda etnoturismo, os governos federal e estadual contribuem para que os povos da floresta tenham dignidade, cidadania e acesso às cadeias produtivas.
“Nossa Vila São Vicente tem tido acesso a todos os benefícios dos governos. Os investimentos que têm ido para dentro da comunidade, governo nenhum fez mais que este do Tião Viana. A começar pela BR-364, pois antes a gente vivia isolado e agora temos acesso às cidades de Cruzeiro do Sul e Tarauacá”, disse Maria Aparecida, presidente da Associação de Produtores da Vila São Vicente.
As 12 associações da Floresta do Gregório também assinaram convênio para a realização da terceira edição do Copão da Floresta, competição que vai reunir 30 equipes de futebol masculino e feminino e contribuir para a socialização dos jovens. “No ano passado, conseguimos reunir cinco mil pessoas na competição. Este ano queremos reunir ainda mais pessoas, dar oportunidade de os jovens não irem atrás das drogas e de vícios como o álcool”, comentou Clemildo Rocha, o “Xuxa”, da comunidade São Francisco e coordenador do Copão.
Etnoturismo no Rio Croa
Em uma parceria do governo do Estado com o Incra, o Rio Croa, que é um projeto de assentamento, terá uma gestão compartilhada. A partir de agora, a comunidade já receberá incentivos para organizar a recepção de turistas. As secretarias de Meio Ambiente e de Turismo vão executar as ações junto à comunidade. “Nossa luta valeu a pena, e vai valer muito mais”, disse Maria de Fátima, moradora do Rio Croa.