O fundador e presidente da organização Slow Food Internacional, o jornalista italiano Carlo Petrini profere a palestra O valor da biodiversidade para uma nova economia sustentável, no dia 24 deste mês, quarta-feira, 9 horas na filmoteca da Biblioteca Pública, em Rio Branco. O evento é aberto ao público.
Petrini também lançará a primeira edição do livro “A Arca do Gosto no Brasil. Alimentos, conhecimentos e histórias do patrimônio gastronômico”, de autoria de Bruno Morett e Diego Silva, autores e alunos/formandos da Universidade de Ciências Gastronômicas de Pollenzo, Itália.
Na publicação consta a descrição dos usos gastronômicos de 200 produtos da biodiversidade agroalimentar brasileira em risco de desaparecimento.
O jornalista estará na capital de 21 e até 25 deste mês, acompanhado por Valentina Bianco, coordenadora de novos projetos do Slow Food Internacional na América do Sul, com foco principal no Brasil e Carlos Demeterco, coordenador do movimento na região Norte.
O grupo também visitará os empreendimentos Peixes da Amazônia, Cordeiros da Amazônia, Cooperacre e produtores de mel do Belo Jardim e de orgânicos, além da obra da Escola de Gastronomia e Hospitalidade, na Cidade do Povo.
Slow Food e Cardápio de Mudanças – Menu for Change
Um dos objetivos da agenda no Acre é lançar o Slow Food e promover a campanha Cardápio de Mudanças – Menu for Changes, dirigida ao apoio de projetos desenvolvidos pelo movimento no Brasil.
O Slow Food tem como premissa principal promover o alimento bom, limpo e justo para todos.
Com a campanha Cardápio de Mudanças – Menu for Changes a ideia é chamar à atenção para a relação entre alimento e mudança climática.
O convite para Petrini vir ao Acre foi feito pela primeira-dama Marlúcia Cândida e a coordenadora de gastronomia, Patrycia Coelho, no Congresso Mesa Tendências, em São Paulo, em outubro de 2017. O Acre participou do evento com a cozinha original do povo indígena Ashaninka, apresentada na palestra da chef Mara Alcamin, do Universal Diner, em Brasília (DF).
No encontro com Carlo Petrini, Marlúcia apresentou o Programa de Gastronomia de Baixo Carbono em fase de implantação pelo governo do Estado.
“Ele ficou bastante entusiasmado com o programa e logo mostrou interesse em vir ao Acre. O grupo vem por iniciativa do Slow Food. Com as visitas aos empreendimentos, mostraremos como se articula o modelo da parceria pública, privada e comunitária, quais os resultados gerados a partir de uma economia diversificada que promove o desenvolvimento sustentável com inclusão social e agregação de valor à produção florestal e agropecuária. Eles terão contato direto com produtores rurais, florestais e indígenas”, comentou Marlúcia.
O evento tem o apoio do governo do Estado, por meio da coordenação de gastronomia do gabinete da primeira-dama, da Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC) e do Sebrae no Acre.
Segundo Patrycia Coelho, a ideia de lançar o Slow Food no Acre representa um indicativo de reconhecimento às políticas desenvolvidas pelo governo do Estado.
“Existe um reconhecimento ao que vem sendo aplicado para promover o desenvolvimento sustentável, com o fomento às cadeias produtivas, tanto florestal como no campo, com o valor de manter a floresta em pé. Esse modelo que tem dado certo tem chamado à atenção de pesquisadores e movimentos, como o Slow Food”, disse.
Carlo Petrini
Carlo Petrini nasceu em Bra, pequena cidade do norte da Itália. Jornalista e escritor, sempre defendeu um sistema alimentar sustentável e, a partir da década de 80, promoveu a “ecogastronomia”. Em dezembro de 1989, com mais de 20 delegados do mundo inteiro, assinou, em Paris, o Manifesto Slow Food, sendo eleito presidente do movimento, cargo que continua ocupando ainda hoje.
Petrini desempenhou um papel fundamental para o desenvolvimento do Slow Food. Entre os inúmeros projetos realizados, um dos mais importantes foi a criação da Universidade de Ciências Gastronômicas, em Pollenzo, perto de Bra, a primeira instituição acadêmica com abordagem interdisciplinar dos estudos alimentares.
Foi um dos criadores do Terra Madre, rede com mais de 2.000 comunidades do alimento, que reúne produtores de pequena escala, pescadores, artesãos, cozinheiros, jovens, acadêmicos e especialistas, de mais de 150 países.
Ele participa de eventos organizados no mundo inteiro, visita as comunidades da rede do Terra Madre e dá aulas em prestigiadas universidades, inclusive da Ivy League.
A contribuição de Carlo Petrini para as questões ligadas ao meio ambiente e desenvolvimento sustentável também foi reconhecida pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que em 2013 o nomeou co-vencedor do prêmio Campeão da Terra, por sua “inspiração e ação”.
É autor dos livros: Le ragioni del gusto (2001), Slow Food Revolution (2005), Slow Food, princípios de uma nova gastronomia (2007) e Terra Madre (2011). Seu último livro, Cibo e libertà. Slow Food: storie di gastronomia per la liberazione (2013), atualmente disponível apenas em italiano, é uma coletânea de histórias gastronômicas, reunidas durante as suas inúmeras viagens que demonstram como o alimento pode tornar-se ferramenta de libertação da fome, desnutrição e do fenômeno, cada vez mais assustador, da “massificação do pensamento”. Em 2015, Petrini escreveu o guia de leitura para a encíclica de Papa Francisco “Laudato Si”.
Slow Food
Fundado por Carlo Petrini em 1986, o Slow Food se tornou uma associação internacional sem fins lucrativos em 1989. Atualmente conta com mais de 100.000 membros e tem escritórios na Itália, Alemanha, Suíça, Estados Unidos, França, Japão e Reino Unido, e apoiadores em 150 países.
O princípio básico do movimento é o direito ao prazer da alimentação, utilizando produtos artesanais de qualidade especial, produzidos de forma que respeite tanto o meio ambiente quanto as pessoas responsáveis pela produção, os produtores.
O Slow Food opõe-se à tendência de padronização do alimento no mundo e defende a necessidade de que os consumidores estejam bem informados, tornando-se co-produtores.
“É inútil forçar os ritmos da vida. A arte de viver consiste em aprender a dar o devido tempo às coisas.” Carlo Petrini, fundador do Slow Food
Filosofia
O Slow Food segue o conceito da ecogastronomia, reconhecendo as fortes conexões entre o prato e o planeta.
Bom, limpo e justo: é como o movimento acredita que deve ser o alimento. O alimento que comemos deve ter bom sabor, deve ser cultivado de maneira limpa, sem prejudicar nossa saúde, o meio ambiente ou os animais, e os produtores devem receber o que é justo pelo seu trabalho.
(Fonte: http://www.slowfoodbrasil.com)