Defesa Civil Nacional autoriza governo a ampliar transporte aéreo de alimentos

A Defesa Civil Nacional autorizou ontem o governo Tião Viana a usar mais uma aeronave de carga para ampliar o transporte de alimentos entre Porto Velho e Rio Branco visando ampliar ainda mais a garantia do abastecimento da população do Acre, que se encontra isolado pela interrupção do tráfego da BR-364, causada pela enchente do Rio Madeira. Será um avião comercial maior, com capacidade para transportar até 20 toneladas, que vai se juntar aos três aviões da FAB que já fazem o transporte aéreo de alimentos e medicamentos a partir da capital rondoniense.

A ampliação do abastecimento aéreo do estado foi conquistada ontem em Brasília diretamente pelo governador Tião Viana, que esteve reunido com o ministro chefe da Casa Civil da Presidência da República, Aloizio Mercadante, e com os ministros da Agricultura, Antônio Andrade, e dos Transportes, César Borges, tratando do problema do isolamento do estado.

Com o ministro da Agricultura, Antônio Andrade. (Foto: Noaldo Oliveira Santos)
Com o ministro da Agricultura, Antônio Andrade. (Foto: Noaldo Oliveira Santos)

Acompanhado da chefe da Casa Civil do estado, Márcia Regina, e do representante do governo em Brasília, Carlos Rebello, o governador soube no Ministério dos Transportes do retorno do trabalho de atracagem das balsas na travessia do Rio Madeira na região do Abunã, o que permite o retorno do tráfego na rodovia, que pode perdurar por mais 15 dias. No Ministério da Agricultura, o governador recebeu a garantia do ministro Antônio Andrade para que seja acelerado o processo alfandegário e a fiscalização fitossanitária da importação de alimentos do Peru, tais como alho, batata, cenoura, tomate e o trigo. Veja, a seguir, a entrevista que o governador Tião Viana deu à Rede Amazônica de Televisão fazendo um balanço do seu dia na capital federal.

Como está o apoio do governo federal ao Acre?

Tem havido um apoio efetivo da presidente Dilma Rousseff nessa situação difícil do Acre e, por extensão, de Rondônia também. Tem três aeronaves da Força Aérea (FAB) atuando permanentemente no transporte de alimentos perecíveis e de medicamentos para o Acre, que está isolado durante quase toda essa semana devido à crise que estamos vivendo na BR-364. E Defesa Civil Nacional também teve um posicionamento solidário.

Como o senhor está fazendo para garantir o abastecimento do estado?

Hoje estive com o general Adriano Pereira Júnior, da Secretaria da Defesa Civil Nacional, que já reconheceu o estado de emergência do Acre e está vendo o drama que Rondônia está passando também. Estamos vendo agora o último desafio que é como vamos fazer para o transporte de bens não-perecíveis, pois vamos ter que assegurar, como já estamos fazendo, a antecipação da crise para que não faltem alimentos, não falte combustível, não falte gás para que haja uma regularidade minimamente estável para a população. Para que os bens não perecíveis possam suportar mais 20 dias em função de nós não termos ainda a previsão de diminuição do nível do Rio Madeira, o que compromete definitivamente a BR-364.

O que o senhor tratou no Ministério da Agricultura?

No Ministério da Agricultura foi sobre a importação de alimentos vindos do Peru. Temos o cimento, que já está chegando. E temos a possibilidade de trazer o alho, a batata, a cenoura, o tomate e o trigo. Estamos acertando alguns pontos da burocracia alfandegária e da fiscalização fitossanitária. Tivemos a pronta solidariedade do ministro Andrade. E o ministro Aloísio Mercadante (Casa Civil) atentou para todo o detalhamento do que está havendo da operação interministerial para ajudar o Acre e Rondônia.

Com ministro dos Transportes e diretor geral do Dnit (Foto: Luis Carlos Fortes de Andrade)
Com ministro dos Transportes e diretor geral do Dnit (Foto: Luis Carlos Fortes de Andrade)

Como está hoje o abastecimento da população acreana?

Graças a Deus, não tem havido dificuldades para a população do Acre. É mínimo o sofrimento porque nós estamos nos antecipando a toda a crise e contamos com a imprensa para divulgar essa tranquilidade necessária e o ordenamento funcional da vida do setor privado para atender da melhor forma a população. Um posto de combustível que não está abastecendo os carros é porque não foi a Cruzeiro do Sul pegar o combustível que a BR Distribuidora está ofertando. Combustível para atender a demanda do Acre pelos próximos 30 dias está disponível em Cruzeiro do Sul.

Como está a situação do tráfego na BR-364?

Nos últimos minutos, tivemos a informação que voltou a ter uma solução transitória da área da atracagem da balsa (do Rio Madeira) e, portanto, ela volta a funcionar no tráfego de veículos para Rio Branco. Mas ela oscila muito, pois uma hora, dependendo da corrente, ela está acessível e outra não. Tem a operação de tratores puxando os caminhões e caminhões maiores puxando os menores para dar o mínimo de segurança numa situação tão crítica, como a que está se vivendo na rodovia.

Qual tem sido a estratégia usada pelo governo para tranquilizar a população?

Nós estamos correndo atrás disso com a imprensa, com o setor empresarial. Tem uma grande união do governo com o setor empresarial, com os ministérios, a Presidência da República e os órgãos de Defesa Civil para nós agirmos em apoio à população. Graças a Deus, temos nos antecipado. Quando você olha para ali e diz que tem uma fila pequena para gás, o que está faltando e o butijão de 13 litros, mas tem o de 10 litros, tem o de oito litros e não vai faltar porque amanhã (hoje) vai chegar mais uma balsa com 750 toneladas de gás. Já tem outras balsas saindo de Manaus. Então, nós temos nos antecipado à crise para assegurar a paz que a população precisa numa hora dessas. Não vão faltar alimentos e nem o bem de consumo necessário para a vida cotidiana. Um ou outro problema de ter um comerciante aqui e outro acolá cobrando o preço errado, essa é uma atitude que tem que ser condenada, repreendida por todas as pessoas e instituições porque não há motivos para aumento de preços para nenhum consumidor.

E como está o transporte aéreo de mercadorias para o seu estado?

Temos três aeronaves da FAB e tivemos autorização hoje da Defesa Civil Nacional de contratar mais um avião de carga, na forma de fretamento, que pode transportar até 20 toneladas e que representa uma capacidade maior do que os da FAB. Vamos fazer o transporte dos alimentos perecíveis. Tenho a franca sensação e otimismo que, nos próximos quatro dias, vamos ter alimentos perecíveis suficientes para que não tenhamos nenhuma dificuldade nos próximos 12 ou 15 dias, que deve ser exatamente o período de transição para que o Rio Madeira possa baixar, garantindo o retorno do tráfego normal na rodovia.

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