Criatividade artística na apresentação da mostra da Usina de Arte

Alunos dos cursos de teatro, música, artes visuais e cinema e vídeo utilizaram o espaço de arte criando uma interação com o público

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Alunos dos cursos de teatro, música, artes visuais e cinema e vídeo da Usina de Arte realizaram no último sábado, 24, uma mostra artístico-cultural (Fotos: Val Fernandes)

De forma criativa e utilizando o próprio espaço como canal de interação com o público, os alunos dos cursos de teatro, música, artes visuais e cinema e vídeo da Usina de Arte realizaram no último sábado, 24, uma mostra artístico-cultural, como resultado de dois meses de trabalho do primeiro ciclo do Laboratórios de Práticas Artísticas. Artistas, familiares, professores e público em geral foram prestigiar a apresentação, que contou com a presença do diretor-presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour, Dircinei Souza.
 
Os alunos do curso de teatro abriram a mostra com a leitura dramatizada do texto "Ubu Rei", de Alfred Jarry, encenada no teatro do espaço. O trabalho coletivo, resultado de uma colaboração entre alunos e oficineiros da Usina, objetivou a experimentação prática do contato com espectadores e texto por parte dos alunos, definida pelo professor e diretor teatral Flávio Lofêgo Encarnação como "uma pré-encenação, no mesmo tom anárquico e irresponsável que não poderia deixar de estar associado ao texto de Alfred Jarry".
 
O texto de Jarry, uma comédia de humor negro, clássico da literatura dramática universal, com 15 atores em cena, levou ao público a fábula do egoísmo e individualismo absolutos, revelando através do ‘nonsense’ e da alegria alguns mecanismos tipicamente humanos relacionados ao exercício do poder e às disputas pela primazia entre os semelhantes.

Estreando seu primeiro trabalho, desde que começou a frequentar os cursos da Usina, o ator Arnaldo Lima, cheio de entusiasmo, surpreendeu o público por sua performance  na pele do Pai Ubu, personagem principal do espetáculo. Arnaldo, que é cartazista de supermercado, comentou que sua estreia foi mais um desafio que teve que encarar na vida. "Sempre levei as coisas de forma simples, pois tudo pra mim nunca foi fácil. E o que me move é que, desde que entrei aqui na Usina, primeiro no curso de artes visuais, é que tenho verdadeira paixão por esse projeto e não saio daqui por nada. A Usina é um espaço coletivo onde só quem ganha é a comunidade acreana. O governo do Estado está de parabéns em incentivar e dinamizar esse espaço", ressaltou.
 
Para Dircinei Souza, o novo projeto de formação da Usina, que é o Laboratórios de Práticas Artistícas, já está rendendo frutos positivos. "Essa ideia de desenvolver habilidades em diversos segmentos das artes a partir das práticas criativas, com o aprendizado através do intercâmbio artístico com profissionais de renome local e nacional, é uma ação que valoriza os fazedores de cultura local e enrique a troca de experiências. Esse é o objetivo do governo do Estado, na busca de uma formação de qualidade, e mais ainda com o incentivo ao intercâmbio dos alunos com a comunidade e a inserção dessa comunidade no espaço da Usina de Arte."
 
Ritmos africanos e brasileiros – Após o espetáculo, o público foi recepcionado na saída do teatro pelos alunos de música. O grupo entoou batuques e canções em ritmos africanos e brasileiros. Na apresentação, utilizaram as peças e elementos de composição do espaço como instrumentos musicais, entre elas as caixas que antes serviam para armazenar as castanhas da antiga usina e as famosas caldeiras.
 
"O espaço é inspirador, uma riqueza. Escolhemos ritmos e canções que falam dos homens fortes, do trabalho, da caça, da terra, como o jongo, que é uma manifestação cultural de caráter rural diretamente associada à cultura africana no Brasil e que influiu poderosamente na formação do samba carioca, em especial, e da cultura popular brasileira como um todo. Tivemos seis semanas para trabalhar, e esse é o resultado de um exercício em construção, um recorte", explicou o professor e músico Alexandre Anselmo.
 
Depois da performance musical, as pessoas foram assistir à exibição das produções dos alunos de cinema e vídeo no Cineclube Aquiry. Foram mostrados curtas metragens, como Madrugada dos Mortos (3 min), Café com Melancolia (3 min), produzidos em 2010, e Memorias (3 min), El prisioneiro (3 min), Aspas (3 min), Amigas Inimigas (exercício – 5 min) e A pele dos Outros (8 min).
 
Mostra de gravuras – O espaço como interação entre o público e as artes. Com esse viés, os alunos de artes visuais utilizaram o ônibus da Usina e a ‘casinha’, espaço que é usado para vários trabalhos, para exporem suas obras, feito em xilogravura, linóleo e gravura em plástico. Ao todo cerca de 70 peças, criadas por 18 alunos compõem a mostra.
 
"O resultado desse novo processo foi maravilhoso. Mesmo que os alunos não tivessem ainda o conhecimento sobre essa técnica, eles já dominavam o desenho, devido as oficinas ministradas ano passado. O que mais me surpreendeu foi que eles ficaram tão empolgados que em apenas seis semanas produziram cerca de 300 trabalhos", comentou o coordenador do curso de artes visuais, o artista plástico Luis Carlos Gomes.
 
Com vários trabalhos na mostra, Mardilson Machado, artista plástico do Bujari, é um dos mais entusiasmados com as oficinas do Laboratórios de Práticas Artísticas. Aluno do curso de licenciatura em artes visuais da UnB, ele que já realiza trabalhos na área, como a criação da bandeira do Bujari, exposições e outros, aposta no projeto de formação da Usina como ação de aprimoramento artistístico.
 
"Saio do Bujari todos os dias pra vir as aulas. Estou buscando qualificar minha formação isso é muito gratificante, pois estamos tendo o contato com o novo, o contemporâneo. Tivemos aulas de cromoxilogravura e linoleogravura, com Uelinton Santana, História da gravura e da Arte no Acre, com Dalmir Ferreira e xilogravura, com Angela Rola. Estou muito feliz e com muita garra pra continuar a minha formação nesse espaço arte que é da comunidade. O governo do Estado só tem a ganhar com esse projeto", comentou Mardilson.
 
A mostra encerrou com a apresentação de três peças musicais: Saudades do Seringal, composição de arrojo popular de autoria do artista plático acreano Hélio Melo, El Condor Pasa, do compositor peruano Daniel Alomía Robles e letra de Julio de La Paz e Lamentos de Pixinguinha.
 
O projeto de formação desenvolvido na Usina de Arte é financiado com recursos do governo do Estado, através da Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM).

 

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