Complicações do parto, ervas medicinais e kits parteiras são tema de encontro

Procedimentos realizados em casos de parto de risco foram dramatizados durante terceiro dia do Encontro de Parteiras Indígenas (Foto: Nayanne Santana/Sesacre)
Procedimentos realizados em casos de parto de risco foram dramatizados durante terceiro dia do Encontro de Parteiras Indígenas (Foto: Nayanne Santana/Sesacre)

A troca de saberes norteou o terceiro dia do Encontro de Parteiras Indígenas do Jordão, ocorrido nesta quarta-feira, 17. A ação, realizada pelas equipes da Divisão da Mulher da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) e do Distrito Sanitário Especial Indígena do Alto Juruá (Dsai), debateu as complicações do parto, o uso de ervas medicinais e ainda, técnicas para manuseio do kit de parteiras que as indígenas receberão ao final do encontro.

Pela manhã as participantes puderam trocar experiências sobre os procedimentos que realizam em casos de complicações de parto, como por exemplo, quando o bebê não está encaixado para nascer de parto normal e ainda casos em que o cordão umbilical transpassa a cabeça do bebê no momento do parto.

“Apresentamos técnicas que podem fazer para salvar vidas caso haja hemorragias. A ideia é esclarecer dúvidas e dar orientações para que elas possam prestar melhor assistência a paciente, até que, se for preciso, essa paciente seja encaminhada da aldeia para uma unidade de saúde com suporte para atender essa mulher”, detalhou Janete Farias, enfermeira obstetra da Maternidade Bárbara Heliodora.

A equipe da Divisão da Mulher fez dramatizações para mostrar métodos que podem ser incorporados ao procedimento de parto, garantindo, assim, a vida da mãe e do bebê.

Durante a tarde, as parteiras indígenas apresentaram ervas medicinais que utilizam no pré-parto, parto e pós-parto. Cada uma das 28 participantes levou ervas que utilizam comumente durante a realização de seus trabalhos.

Ervas como mastruz, cidreira, boldo, capeba, alfavaca, hortelã, folha de cacau, folha de urucum e mulateiro, entre outras, foram apresentadas.

Parteiras aprenderam técnicas para utilizar o Sonar de Pinard, um dos equipamentos que contém nos kits parteira (Foto: Nayanne Santana/Sesacre)
Parteiras aprenderam técnicas para utilizar o Sonar de Pinard, um dos equipamentos que contém nos kits parteira (Foto: Nayanne Santana/Sesacre)

A apresentação permitiu que as equipes de saúde aprendessem mais sobre a tradição milenar do uso de ervas medicinais no auxílio do tratamento de doenças, inflamação, hemorragias etc.

“Usamos o hortelã roxo para aliviar as cólicas. A cidreira, para aliviar as dores. A capeba, amassamos a folha para massagear as costas da grávida que ajuda a descer a placenta e, também, a mulher pisa em cima, na hora do parto para estimular o bebê a descer. Mastruz usamos para aliviar dores e sangramentos”, explicou a parteira Marlene Kaxinawá.

Técnicas para utilização de kits

Para tornar a metodologia mais lúdica e dinâmica, a equipe de enfermeiros da Sesacre tem promovido atividades com as parteiras. Uma delas foi à utilização de tintas guaches colocadas em bacias representando os líquidos que são expelidos durante o parto e bacias com água para exemplificar as técnicas de higienização das mãos.

Durante a tarde os profissionais da equipe da Divisão da Mulher apresentaram os equipamentos que fazem parte dos kits parteiras que as indígenas vão receber nesta quinta-feira, 18.

Entre eles, está o Sonar de Pinard, utilizado para auscultar os batimentos cardíacos do bebê ainda na barriga da gestante. Uma das parteiras indígenas que está grávida participou da demonstração feita pela enfermeira obstetra Janete Farias. As parteiras puderam aprender na prática como utilizar da maneira mais adequada o equipamento.

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