Lucas Souza, 11, entra na Biblioteca de Cruzeiro do Sul e vai direto para a ala infantil. Acompanhado de mais dois amigos, enquanto os colegas usam as peças de xadrez para jogar damas, Lucas fica ao lado, montando um quebra cabeças que exibe orgulhoso depois de finalizado. Lucas mora longe do Centro de Cruzeiro do Sul, mas quando perguntado quantas vezes por semana vai à biblioteca, responde rapidamente “pelo menos umas três”. E o que ele fazia antes dela? “Eu ficava na rua. Ou em casa vendo TV”, conta.
Inaugurada no dia 20 de fevereiro de 2014, a Biblioteca Estadual Padre Trindade comemora pouco mais de um ano com uma marca para se orgulhar: mais de 100 mil visitas. O número é maior que a própria população da cidade, que é de pouco mais de 80 mil pessoas. Com um acervo de 21 mil títulos entre livros, CDs, DVDs, revistas, HQs e livros em braile, o prédio espelhado com cerca de 1.300 metros quadrados, divididos em quatro pavimentos, revolucionou as opções de lazer e cultura da juventude cruzeirense.
“Temos acesso digital com dez computadores para o público e mais vinte e um pontos de internet para quem quiser trazer seu notebook, atividades de contação de histórias, leituras de poesia e um grande sarau todos os sábados, mas nosso carro-chefe mesmo é a ala infantil”, explica Leônidas Neto, coordenador da biblioteca.
Segundo ele, quase 90% das pessoas que vão à biblioteca seguem direto para o andar de cima, onde está o amplo espaço destinado às crianças. Com 36 funcionários, sendo 20 estagiários, a biblioteca fica aberta de segunda a sábado, das 8 às 18 horas.
Novo mundo
“As crianças são as primeiras a chegar. Às vezes primeiro que a gente. Tem dia que eu chego e já tem um monte na porta esperando a biblioteca abrir”, revela Alana Almeida, uma das coordenadoras do espaço infantil, formada em contação de histórias e que desempenha papel fundamental nas atividades. “O que mais me dá satisfação é às vezes encontrar crianças que não sabem ler e poder passar a leitura pra elas”, fala.
Mesmo num dia chuvoso, elas não deixam de aparecer. Antônio Souza, 12 anos, é um dos entusiastas. “Quando estou pelo Centro sempre venho pra cá. É muito bom, até pra conversar, brincar”, conta.
O conhecimento ao alcance de todos
Sentadas a frente dos computadores da biblioteca, as irmãs Flecia Menezes, 13, e Estefânia Menezes, 15, revelam que não possuem internet em casa. Elas aproveitam os momentos livres para usar o espaço digital. “A gente fica por aqui, já chegamos a vir todo dia da semana”, conta Flecia, que aproveitava os computadores disponíveis para fazer um exercício de inglês.
Estefânia ainda conta que a biblioteca se tornou fundamental para fazer os trabalhos da escola, as pesquisas necessárias e até os exercícios mais complexos. “Mas é claro que também tiro um tempinho pra dar uma olhada nas redes sociais”, brinca a garota antes de ir embora com a irmã.