O governador Tião Viana foi informado na manhã desta quarta-feira, 30, de que o Acre apresenta hoje uma redução de 98% nos casos de hanseníase. A notícia foi trazida pelo dermatologista e pesquisador William Wood, do Hospital das Clínicas, e pela coordenadora do serviço de dermatologia estadual, Franciele Gomes.
Se nos anos 80 o Acre registrava 110 casos de hanseníase por 10 mil habitantes, em 2014 o número passou para 1,4 casos a cada 10 mil habitantes. A hanseníase, também conhecida como lepra, é uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada Mycobacterium leprae. Afeta primordialmente a pele, mas pode atingir também os olhos, os nervos periféricos e, eventualmente, outros órgãos. Ao penetrar no organismo, a bactéria inicia uma luta com o sistema imunológico do paciente.
Tião Viana, que é médico infectologista, é reconhecido como um dos grandes nomes da luta contra a hanseníase, desde o tempo em que a doença gerava preconceitos e causava o isolamento compulsório dos pacientes. Quando senador, Tião criou a lei que indeniza hansenianos que foram isolados pela doença.
Doença de Jorge Lobo
Além de tratarem sobre os números da hanseníase, o governador ficou a par do protocolo enviado ao Ministério da Saúde indicando a descoberta da cura da doença de Jorge Lobo pelo pesquisador Willian Woods como tratamento a ser adotado nacionalmente. A pesquisa durou quatro anos e teve apoio irrestrito do governo do Acre, principalmente pelo fato de o Acre ter um dos maiores índices da enfermidade, que é praticamente exclusiva da região amazônica.
Segundo o pesquisador, que atua no Acre desde 1979, o tratamento capaz de curar a doença de Jorge Lobo é baseado principalmente num remédio para tratar a hanseníase, o PQT, que, junto com o remédio contra fungos Itraconzol, foi capaz de eliminar a doença em quase todos os casos tratados durante a longa pesquisa.
“Muitas pessoas, inclusive o próprio governador, tentaram usar somente Itraconzol e não foi o suficiente no tratamento. Eu tive uma paciente em Brasileia que foi diagnosticada com hanseníase e começou o tratamento, mas quando vi era Jorge Lobo. Eu disse que ela não precisava tomar o remédio, mas ela pediu para não parar porque estava melhorando muito. E assim começamos o protocolo”, conta Willian Woods.