Técnica visa adensamento na mata, difusão em jardins e praças e produção de escala comercial para geração de emprego e renda
O Governo do Acre está próximo de consolidar técnicas de reprodução de plantas ornamentais em laboratório, a micropropagação in vitro, como é conhecida no meio acadêmico. Iniciado há um ano pelo biólogo Paulo Arthur, da Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac) o projeto tem obtido resultados que nos próximos anos deverá promover o adensamento de variedades de bromélia e orquídeas na floresta e difundir cultivares para jardins e praças, além da produção em escala para fins comerciais com reflexos na geração de emprego e renda.
"Meu objetivo é este: devolver à floresta milhares de cada uma que for coletada para prospecção de semente ou tecido", disse Paulo, que coordena o projeto em parceria com cientistas da Universidade Federal do Acre (Ufac) e o Sebrae. A partir de um fruto de orquídea, por exemplo, é possível produzir vinte vidros com pelo menos 1,5 mil novas plantas em cada um. O custo é de cerca de R$ 0,20 por vidro mas é necessário equipamento de alta tecnologia para a reprodução adequada.
As vantagens da técnica, já bastante difundida entre laboratórios governamentais e privados, é que ela produz plantas livres de doenças com fecundidade elevada, pelo que se obtêm milhares de plantas, especialmente aquelas que não produzam sementes ou que apenas produzam em quantidades pouco lucrativas. A micropropagação produz plantas mais resistentes, com um crescimento mais rápido do que as plantas produzidas através de métodos convêncionais.
A micropropagação consiste na produção rápida de milhares de clones de uma planta, a partir de uma única célula vegetal somática ou de um pequeno pedaço de tecido vegetal, chamado de explante. A micropropagação é utilizada para multiplicar plantas jovens, produzidas pelos métodos convencionais de produção de plantas, e mesmo plantas genéticamente modificadas.
A fase atual é de encerramento do protocolo de cada espécie, uma descrição detalhada do cultivo em questão. A Funtac trabalha especialmente com espécies epifitárias, que vivem no alto das árvores sem ser parasitas. São centenas de espécies de orquídeas e bromélias com ocorrência no Acre. Junto com a Ufac, Paulo Arthur quer escolher vinte variedades entre as mais bonitas para deflagrar um projeto de alta propagação.
O projeto emprega jovens do Programa Institucional de Bolsa Iniciação Científica (Pibic Júnior). Marcelo Lima, de 17 anos, cursa o terceiro do ensino médio na escola Lourival Pinho e se diz bastante motivado com o trabalho que vem realizando. "Estou gostando", disse. "Ele já conhece as principais técnicas utilizadas aqui", completou o biólogo Paulo.