Secretaria de Floresta confraterniza com manejadores do Projeto de Assentamento Porto Dias

Projeto recebe incentivo de vários segmentos do Governo do Estado desde 2005

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Secretário de Floresta, Carlos Ovídio, conversa com os manejadores. Ao seu lado empresário do setor madereiro. ( Foto Gleilson Miranda / Secom)

No sábado, 29, os moradores do Projeto de Assentamento Extrativista Porto Dias, localizado no município de Acrelândia, comemoraram osinvestimentos do Governo do Estado na região e o encerramento do manejoflorestal sustentável no ano de 2008. O Governo realizainvestimentos na região desde 2005 reformando ramais, cedendo mudaspara reflorestamento (no evento foram distribuidas 4 mil),instruindo os moradores como produzir, tratar e abrir áreas deplantio e outras ações de fomento à produção.

Atualmente em Porto Dias moram mais de 200 famílias, em 22 mil hectares de terra com 40 manejadores de madeira divididos nas associações Unidos pela Paz, São José e Seringueira. O manejo começou a ser feito como um complemento de renda para os moradores da região. Em 2005, na Associação São José eram apenas três, hoje são 19. Os moradores se uniram para realizar o manejo porque uma pessoa sozinha não pode requerê-lo. Acomunidade de Porto Dias foi a segunda a realizar o manejo no Estado em 1997.

A estimativa do manejo para 2009 é grande. Vários associados já fizeram sua inscrição para participar. Valdir de Oliveira é um deles. No início não acreditava no projeto, mas agora já espera ansiosamente por 2009. "O manejador faz um trabalho mais despreocupado, em que as madeireiras realizam quase todo o serviço, enquanto ele pode se dedicar a outras tarefas", disse Valdir.

O principal foco da ajuda do Governo,além de insumos para produção, é a abertura e manutenção de ramais. O Ramal do Gordo conta atualmente com 22,7 quilômetros piçarrados e em perfeitas condições. De acordo com Geraldo César Ferreira, assessor técnico da Secretaria de Floresta, em 2005 existiam 44 quilômetros de ramais em péssimas condições. Hoje são mais de 100 quilômetros abertos e trafegáveis. "Em 2006 e 2007 abrimos mais de 60 quilômetros de ramais e este ano estamoscuidando, porque não basta dizer que fez, tem que cuidar", lembraCésar.

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Ramal do Gordo conta com mais de 24 km de trechos conservados. (Foto Gleilson Miranda/Secom)
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Mudas de árvores são distribuídas para os manejadores da região. ( Foto Gleilson Miranda / Secom)

Caminhos abertos – Com a abertura de ramais, tornou-se possível produzir diversos tipos de grãos, legumes e frutas, pois,com o terreno em boas condições, caminhões entram para buscar os produtos. De acordo com Daniel Alencar, presidente da São José, quando o ramal ficava praticamente intrafegável, a maior parte da produção ia para o lixo. Agora quase toda a colheita é vendida. Mesmo quem não trabalha com manejo pode usar o ramal para escoar a produção. "A principal vantagem do manejamento é a diminuição do desmatamento ilegal, pois ninguém quer ficar contra a lei", resumiu Daniel.

Com a manutenção e ampliação dos ramais, a comunicação dos moradores melhorou a ponto de alguns deles, quando visitam Rio Branco, já saberem onde se localizam determinados lugares. Antes, quase nenhum morador sequer tinha ido à capital. Agora os produtores circulam mais entre as cidades e entre as casas uns dos outros se ajudando, seja na produção ou em outras tarefas. Outro ponto importante foi a qualidade das moradias. Antes a maioria era de barro com telhado de folhas, agora são todasde madeira.

Por ser Zona de Atendimento Prioritário(ZAP), a comunidade recebeu benefícios como a limpeza do terreno e equipamentos agrícolas. O projeto inseriu a comunidade na cadeia produtiva, paraque ela não dependa somente de ações do Governo do Estado.

Durante o evento foi realizado um almoço para todas as famílias que compareceram à sede da São José. Depois do almoço, algumas autoridades falaram sobre os avanços da região. Entre eles, o secretário de Floresta, Carlos Ovídio, e o proprietário da madeireira Garça Branca, que compra o produto do manejamento, Osvaldo Coutinho. No encerramento, foram sorteadas uma bicicleta e uma motosserra para os produtores. De acordo com Carlos Ovídio, ninguém acreditava que aquele projeto pudesse ir adiante. "Foi uma celebração para mostrar que tudo é possível", disse o secretário. 

Além da Secretaria de Floresta,estavam presentes representantes da Secretaria de Meio Ambiente(Sema), Centro de Trabalhadores da Amazônia (CTA), InstitutoNacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o prefeito deAcrelândia, Vilseu Ferreira.

Vida em Porto Dias

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Agenor da Silva mostra a nova casa, construída após o inicio do manejo. (Foto Gleilson Miranda/ Secom)

Agenor da Silva, 49, é morador dacomunidade de Porto Dias. Casado, tem uma filha de 20 anos. Suaresidência se situa no Ramal do Gordo, quilômetro 16. São quatro anos que Agenorreside ali. No início foram muitas dificuldades encontradas,principalmente porque quando trocou seu antigo lote em outracolocação pelo atual, o produtor não foi avisado de que a área eraextrativista. O terreno já se encontrava com sua cota máxima dedesmatamento. Então em 2005 Agenor entrou para o manejo junto comoutros dois moradores. Deu certo.

Hoje, Agenor construiu uma casa novade madeira para ele duas vezes maior e muito diferente da anterior,de barro. O segredo, de acordo com Agenor, é o planejamento e venderpouco a pouco, enquanto outras árvores voltam a crescer. "Tem muitacolocação por aí que desmata tudo, mas os donos continuam pobres,porque não existe planejamento", resume.

Agenor foi o sorteadodurante a confraternização e ganhou a bicicleta. Perguntado como se traduz a vida depois de tantas mudanças, ele não titubeia: "Está uma maravilha".

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