Dois Sóis é um projeto idealizado pela multiartista Roberta Marisa, na área de arte, patrimônio e publicação. A proposta faz parte da segunda fase da Lei Aldir Blanc, realizada pelo governo do Estado do Acre, por meio da Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM).
A iniciativa propôs uma oficina de construção literária com a comunidade do Papoco, bairro de Rio Branco, levando poesia e literatura para uma localidade mais desfavorecida. Para a execução da atividade, Roberta convidou artistas que, assim como ela, integram o cenário da arte e da literatura do estado, como a poetisa Francis Mary, a Bruxinha; o ator Ivan de Castela e Alessandro Borges, o poeta da Baixada.
Para a realização da oficina, foi necessária cerca de uma semana para que a comunidade se familiarizasse com os artistas. A metodologia utilizada pela artista foi a de arte-educação, buscando por meio disso disponibilizar os conteúdos para outros públicos, contemplando toda a comunidade com a ação.
As dinâmicas envolveram pintura e teatro, para atrair os adolescentes ao universo artístico. Já a partir da colagem de letras e palavras, eles iniciaram sua própria produção literária.
Ao longo do processo de execução da proposta, a escritora percebeu que ação envolvia vários processos, e alguns deles culminam no lançamento da Revista Dois Sóis e num livro com o mesmo nome, evento previsto para o mês de abril.
A nomenclatura do projeto faz referência à realidade da comunidade do Papoco, que reside na parte central da cidade e que, para a autora, não é vista como um lugar de se fazer arte.
“É o mesmo sol para todos?”, questiona então Roberta, trazendo as dualidades sociais em seu livro, por meio de memórias, e na revista abre espaço para as produções e fotografias realizadas no bairro durante a oficina.
A escritora acredita que fez algo novo pelo bairro ao incentivar a leitura e a escrita e destaca planos para o futuro: “Quero incentivar outras cabecinhas pensantes para verem a literatura como um sonho possível”.
A autora relata que, quando elaborou a proposta, pensou no Papoco porque sempre verificava projetos em bairros conhecidos, mas nunca ali, por ser visto como uma região perigosa da capital acreana. E complementa: “Nada limita onde a arte pode chegar”.