Os últimos dias foram de bastante trabalho na área da Segurança Pública. Todos os seus operadores, independentemente do cargo ou função, estiveram envolvidos no processo de superação da crise.
Abnegados e comprometidos, deram mostras de que estão sempre dispostos a servir a população acreana, não importam o momento e a hora, e tendo como baluarte a legalidade e o respeito à dignidade da pessoa humana. Nas palavras do arcebispo emérito de São Paulo dom Paulo Evaristo Arns, “toda crise é momento de mudanças qualitativas”. De fato, assim ocorreu.
Foram dias intensos, de instabilidade e até de medo generalizado, mas, com a união de todos, os obstáculos foram sendo superados. Muitas lições ficaram e nos engrandecem como profissionais e cidadãos. Inegável admitir que tivemos perdas e desgastes inerentes ao momento. Infelizmente, os envolvidos no episódio inicial foram a óbito em função de ação desencadeada no estrito cumprimento do dever legal. Muitas pessoas tiveram perdas patrimoniais decorrentes da ação das facções criminosas. Os prejuízos poderiam ter sido bem maiores não fosse a atuação quase imediata das forças de segurança no cumprimento de sua função constitucional.
De tudo isso, em que saímos ganhando? Ficou patente que os aparelhos de segurança se uniram: a prefeitura contribuiu, as forças federais estiveram presentes e, junto com as instituições estaduais, irmanadas, combateram o bom combate. A tranquilidade somente retornou com a atuação firme diante da criminalidade e com a presença maciça das forças policiais nas ruas.
A inédita instalação do Gabinete Integrado de Gerenciamento de Crises demonstrou o elevado grau de profissionalismo que pauta o Sistema Integrado e as instituições parceiras.
Fórum de planejamento, de tomada de decisões, de acompanhamento e de constante avaliação das ações, o Gabinete de Crises evidenciou ser uma política pública apropriada para o comando de situações limite na área da segurança.
A participação do governador Tião Viana na liderança da articulação com os órgãos federais para a transferência dos presos, com o posicionamento intransigente em relação ao crime e no reforço logístico propiciado, foi fundamental para a obtenção dos resultados positivos. Assim como o Exército, que, mesmo em tempo de paz, precisa estar permanentemente preparado para a guerra, as forças policiais precisam estar alerta para se antecipar ao crime. Nesse sentido, importante salientar o trabalho silencioso e eficiente dos serviços de inteligência.
Investir sempre mais nessa área deverá ser nosso “dever de casa” para que eventos dessa magnitude não se repitam. E o que dizer da assustadora quantia de celulares apreendidos dentro do sistema prisional? Levianos seríamos se defendêssemos que isso é natural e que faz parte da rotina. Evidente que processos precisam ser revistos, estruturas organizacionais, depuradas e investimentos, realizados. Esse diagnóstico já foi produzido e, em breve, dando o pontapé inicial de uma série de medidas, o governo do Estado estará entregando equipamentos de monitoramento e segurança, além de inaugurar estruturas para o recebimento de presos.
Necessário se faz agradecer aos que participaram direta ou indiretamente de todo esse processo, em especial a todos os órgãos integrantes do Sistema Integrado de Segurança Pública (SISP), à Força Nacional de Segurança Pública, ao Exército Brasileiro (4ºBIS), à Polícia Rodoviária Federal, à Polícia Federal, aos Gabinetes Militares do Estado e do Município e a todos os órgãos de comunicação social, sem esquecer a população, que compreendeu o momento, confiou na nossa atuação e nos apoiou incondicionalmente.
O Poder Judiciário e o Ministério Público foram igualmente fundamentais na promoção ágil dos trâmites judiciais. Todos, em sua área de atribuição, foram imprescindíveis para a retomada da paz e da ordem pública em Rio Branco.
Por fim, forçoso dizer que, em se tratando de Segurança Pública, capacidade técnica, comprometimento institucional e compromisso com a legalidade e com a ética são atributos essenciais ao bom profissional. Das crises tiramos lições e das dificuldades buscamos oportunidades de crescimento.
Estamos conscientes de que a missão de promover segurança pública deve estar orientando nosso dia a dia. Com planejamento, serenidade e permanente vigilância, certamente estaremos contribuindo para melhorar a qualidade de vida da população acreana.
Emylson Farias da Silva, secretário de Segurança Pública