“Quase não acreditei quando fui chamada para falar nesta reunião”, relatou a presidente da Associação de Travestis e Transexuais do Acre (Attrac), Antonella Albuquerque. Já a vice-presidente Associação de Homossexuais do Acre (Ahac), Rose Farias, ouviu de amigos: “Você vai ser trucidada lá”. Elas se referiam ao convite do secretário-geral do Instituto Ecumênico Fé e Política (IEFP), Manoel Pacífico, para o debate da manhã desta sexta, 28, na Biblioteca Pública de Rio Branco, cujo tema foi a homossexualidade.
Receio de rejeição e desconfiança são mesmo sentimentos corriqueiros entre as pessoas que se sentem discriminadas pela sua orientação sexual. Por isso mesmo o IEFP promoveu o encontro: para afirmar o acolhimento, a aceitação e o direito ao exercício espiritual, já que muitos segmentos religiosos sustentam atitude de preconceito perante o grupo.
“O maior índice de suicídios entre homossexuais se deve ao fato de que não se sentem amados por Deus”, disse o cineasta e produtor cultural Sérgio de Carvalho, que também compôs a mesa, junto ao representante da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) e pastor J. Conceição e o ogan Leandro, do candomblé.
Embora com público reduzido, o que se viu na Biblioteca Pública foi um sopro de esperança: padre, pastores evangélicos, mãe e pai de santo, muçulmanos, católicos e ayahuasqueiros, reunidos, ouviram, em clima de tranquilidade e intimismo, depoimentos permeados de emoção e de humor.
O secretário Pacífico avaliou o resultado: “As palavras mais ouvidas hoje foram ‘respeito’ e ‘amor’. Opiniões foram colocadas sem agressões ou preconceito. O Instituto Ecumênico afirmou-se, mais uma vez, como entidade que promove a união e a paz acima de quaisquer diferenças.”