Políticas públicas para mulheres são discutidas em Porto Acre

As principais necessidades do município foram apresentadas na conferência municipal sobre o tema

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Conferência sobre políticas públicas para mulheres é realizada em Porto Acre (Foto:Assessoria SEPMulheres)

O encontro foi realizado no Centro Cultural do município, nesta quinta-feira, 25, durante todo o dia. Estiveram presentes o prefeito José Maria, a Diretora da Mulher de Porto Acre, Socorro Souza, a conselheira Estadual dos Direitos da Mulher (Cedim), Rose Scalabrin, a representante da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Acre (SEPMulheres), Lázara Marcelino, a presidente do sindicato Rural, Maria da Graça Silva Melo, e o vereador Humberto Martins. Além de trabalhadoras rurais, gestoras, professoras e sindicalistas.

“Esta Conferência, para Porto Acre, vai expressar o pensamento das mulheres do nosso município. Elas são incansáveis. São inúmeros os trabalhos que podem realizar. Olhem bem, temos uma mulher na presidência da República. Querem demonstração maior de capacidade? É isso que queremos: igualdade, liberdade de expressão para que nossa democracia fique enriquecida”, declarou o prefeito de Porto Acre, José Maria.

Em seguida, a representante da SEPMulheres, Lázara Marcelino, falou sobre a situação das políticas para as mulheres no Acre e a importância da criação dos Organismos Municipais. “É fundamental que todas saibam qual a situação da mulher acreana. Como ela está, onde vive, o que faz. Isso mostra a realidade e de que forma elas podem ajudar a caminhar, a estar presentes e construir as políticas públicas em cima de suas necessidades”, disse Lázara Marcelino.

A conselheira do Cedim, Rose Scalabrin, explicou o que é o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. “Esse é o momento de falar, de construir, de elaborar as propostas que serão levadas a conferência Estadual, em setembro. Tudo o que for dito será colocado em pauta, nenhuma palavra será perdida. Agora é a hora”, enfatizou Rose.

Após as palestras alguns depoimentos surpreenderam e emocionaram os participantes. “Cada uma de nós tem uma força interior que nem imagina. Eu já fui vítima de violência. Há momentos em que nós pensamos que o melhor é ficarmos quietas, em silêncio, às vezes até mesmo para poupar nossas vidas. Mas nós temos que gritar, falar, denunciar. E para isso precisamos conhecer nossos direitos para sabermos o que fazer, onde procurar apoio. E essa é nossa oportunidade”, revelou a presidente do sindicato Rural, Maria das Graças.

“Esse crescimento conjunto é importante para cada uma de nós. Sou produtora rural, tenho um marido que está doente há seis anos, dois filhos, e ganho, com a minha criação de galinhas, duzentos reais por mês. É muito pouco. Mas nunca abaixei a cabeça e por isso estou aqui. Quero e vou ajudar a construir políticas públicas para a melhoria de vida, não só minha, da minha família, mas de todas as mulheres de Porto Acre”, disse Neide Pereira.

Maria Aparecida Luz da Silva, mais conhecida no município como Guerreira, também compartilhou com todas os motivos pelos quais participou da construção das propostas. ”Minha filha sofreu, recentemente, violência por parte do companheiro. Infelizmente, por vários motivos, não o denunciou. Hoje mora com um dos quatro irmãos e é protegida por toda a família. Quero que todas as mulheres conheçam, saibam que existe a Lei Maria da Penha. Mas ainda precisamos de garantias. E quem melhor que nós mesmas para saber que garantias são essas? Vamos elaborar propostas que possam ser realizadas”, enfatizou Maria Aparecida.

{xtypo_rounded2}A tarde foram formados cinco grupos de trabalho para a elaboração das propostas e entre as prioridades estão: 

  • Maior inserção da mulher da educação continuada para que haja capacitação dos professores e assim seja possível o enfrentamento ao racismo, machismo e lesbofobia e enfrentamento às desigualdades geracionais.
  • A necessidade de um hospital com médicos obstetras e outras especialidades, já que as mães precisam ir a Rio Branco para o parto. Assim, também haverá a possibilidade de obtenção de recursos específicos para a saúde, não só da mulher, mas da população como um todo. Além de equipamentos para realização de exames preventivos ao câncer de colo de útero, entre outras doenças.
  • A importância da criação da delegacia especializada da mulher para atender às demandas e coibir a violência.
  • Capacitar as mulheres das zonas rural e urbana e as indígena com cursos técnicos e artesanatos em diversas áreas possíveis em Porto Acre como forma de ajudar na renda familiar, obter autonomia econômica e, consequentemente, aumentar a autoestima.
  • Garantir, com a medida protetiva, a segurança da mulher vítima de violência.
  • Incentivar e garantir o fortalecimento das cooperativas existentes visando a autonomia das mesmas.
  • A mulher deve ter os mesmos direitos dos homens nas eleições, acabar com as cotas e dividir as vagas nos partidos.
  • Chegar às localidades mais distantes para que as trabalhadoras rurais tenham acesso a informação dos seus direitos.
  • Valorização das parteiras da região.{/xtypo_rounded2}

Em seguida foi criada uma comissão composta por sete mulheres que vão se responsabilizar por todo o processo para a criação do Conselho Municipal da Mulher. E como conclusão dos trabalhos foram eleitas três delegadas para a Conferência Estadual de Políticas para as Mulheres, que será realizada em Rio Branco, de 21 a 23 de setembro pela SEPMulheres e Cedim.

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