Dia 1 de abril, o Brasil comemora a Abolição da Escravidão Indígena, instalada com a chegada dos portugueses e o início da colonização no país. No Acre, os indígenas viveram cerca de 100 anos de escravidão – período de 1880 a 1980.
Todos os povos passaram por esse processo de escravidão. O Hunikuin, por ser o povo mais antigo, foi um dos primeiros a enfrentar os seringueiros, que se apropriavam das terras, expulsavam os índios e escravizavam aqueles que ficavam, obrigando-os a consumir apenas o que era vendido no barracão do seringal.
Além disso, os eles ficavam proibidos de plantar e cultivar qualquer tipo de alimento ou criar animais, trabalhando apenas com o corte da seringa, que era entregue aos patrões, e para isso pagavam aluguel da estrada de seringa.
Zezinho Kaxinawá, titular da Assessoria Especial de Povos Indígenas, conta que seus avós viveram no tempo da escravidão. “Meu avô nasceu dentro do seringal, minha família vivenciou todo esse processo. Além da escravidão por dívidas, eles eram proibidos de falar a nossa língua, expressar nossa religião e qualquer tipo de manifestação cultural”, revelou.
Zezinho conta ainda que os Puyanawas sofreram também impactos de miscigenação. “Eles eram obrigados a casar com brancos, não poderia existir de forma alguma casamento entre índios da mesma etnia”, disse.
Correrias
Na época da ascensão da borracha, no Acre, os brancos tomavam as terras indígenas e expulsavam ou escravizavam os índios. Aqueles que resistiam à exploração ou se rebelavam contra os seringalistas eram vítimas das chamadas “correrias”.
As correrias eram ações organizadas pelos patrões, que, em bando às aldeias, matavam os homens e algumas mulheres. Aquelas que sobrevivam eram vendidas junto com as crianças.
O historiador Marcos Vinícius conta que há registro de todo tipo de crueldade cometida contra os índios. “Existiam pessoas especializadas em matá-los. Algumas crianças eram jogadas para cima e apanhadas com a ponta das lanças. Uma verdadeira barbárie”, contou.
Valorização dos Povos
As políticas públicas de inclusão desenvolvidas pelo governo do Estado resgatam a cultura, os costumes e a cidadania dos índios. Por meio dos planos de gestão que impulsionam a produção sustentável, o fortalecimento institucional e a valorização cultural das comunidades, o governo já investiu aproximadamente R$ 60 milhões, contemplando 28 terras indígenas.