Após vazante do rio, famílias voltam às residências em Rio Branco

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Emocionado, Josias diz que sonha em ter um novo lar, longe de área de risco (Foto: Arison Jardim/Secom)

Depois de vinte e nove dias, o Rio Acre apresentou nesta terça-feira, 24, o nível de 13,36 metros, e já está abaixo da cota de transbordamento. O manancial chegou à marca histórica de 18,40 metros, alagando 53 bairros e deixando mais de 80 mil famílias desabrigadas.

Em uma sala, a marca da água chegando quase ao teto era perceptível, Josias Moura, 63 anos, conta como foi ver o rio, que passa por trás do quintal, entrar em sua casa. “Moro aqui no Ayrton Senna há 40 anos e nunca vi uma alagação desse jeito. Sempre subia 20, no máximo 40 centímetros. Este ano foi até o teto”, relata.

Chefe de obras aposentado, Josias diz que construiu a casa, agora de alvenaria, com as próprias mãos. Devido à enchente, as paredes e o piso, ambos recentes, ficam úmidos constantemente, mas, ainda assim, Josias diz que é bom voltar para casa após passar quase trinta dias abrigado no Parque de Exposições Marechal Castelo Branco.

“Fomos muito bem recebidos no abrigo. Havia comida e médicos disponíveis, e os assistentes sociais foram receptivos e nos ajudaram bastante, mas ficar um mês longe de casa, sem privacidade, é ruim. Bom é ter nosso lar”, ressalta.

Emocionado, Josias diz que sonha em ter um novo lar, longe de área de risco, onde a neta possa ser criada com dignidade e sem nenhum perigo. “Desde que cheguei já matei duas cobras aqui. Fico preocupado com minha neta de um ano. Apesar de ter construído com minhas próprias mãos esse lar, prefiro um lugar seguro. Estou esperando que eu seja sorteado”, conta.

Um novo recomeço

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Luiz Avelino ficou abrigado no segundo andar da casa, aonde, por poucos centímetros, a água não chegou (Foto: Arison Jardim/Secom)

No bairro Cidade Nova, um dos primeiros atingidos pelo Rio Acre, a família de Luiz Avelino da Silva, 71 anos, passou os quase trinta dias abrigada no segundo andar da casa. “Para sair, contávamos com a ajuda de amigos que tinham canoa. Se subisse mais alguns poucos centímetros, atingiria o segundo andar e perderíamos tudo”, conta Silva.

Com a vazante do manancial, ele inicia o processo de limpeza para poder voltar à rotina. Agora, a preocupação é com o desbarrancamento. “Não queria sair daqui, afinal, vivo há 31 anos neste bairro. Mas tenho que pensar em nossa segurança, por isso ontem mesmo me inscrevi para tentar ganhar uma casa do governo”, relata.

O governo do Estado, em parceria com o governo federal, a fim de diminuir o número de pessoas afetadas pelas alagações, entregou mais de 11 mil casas. Só no primeiro semestre de 2015, mais duas mil serão entregues às famílias de áreas de risco. A terceira fase do programa Minha Casa, Minha Vida disponibilizará mais três milhões de residências no país, e o Acre será um dos estados prioritários.

 

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