Já pensando numa possível alagação, a casa de Lesandra Afonso, feita em estruturas de madeira, é alta. A medida serve para impedir ou retardar os impactos das cheias sazonais. Mesmo assim, quando a água chega, no inverno amazônico, seu marido só consegue sair para o trabalho de canoa.
O casal tem duas filhas pequenas: Heloise, de 3 anos, e Ágata, de 1. A família mora no bairro Seis de Agosto, área de risco em Rio Branco. Por esse motivo, a casa já está com as marcas indicativas de demolição, realizadas pela Secretaria de Estado de Habitação (Sehab). E a espera pela mudança disparou uma contagem regressiva entre os familiares, mesmo porque Lesandra já foi à Cidade do Povo fazer a vistoria da futura morada.
“Vai ser muito bom ter uma casa para minhas filhas crescerem, um quintal para elas brincarem e água tratada.” São vantagens que a mãe verifica ao comparar a nova residência com a atual, que fica num beco, com muito mato nas proximidades. “Vamos ter mais privacidade, porque minha casa é só um vão, mas agora eu vou ter meu quarto, e minhas filhas também terão o delas”, explica.
As meninas são visivelmente tímidas, não se comunicam muito e convivem pouco com outras crianças, principalmente porque a casa fica no alto, e é perigoso ficar subindo e descendo. Mas a mãe sabe que em breve elas terão uma estrutura melhor: “Lá há praça, asfalto, parquinho, muito mais do que aqui”.