Mutirão de cirurgias beneficia pacientes do TFD em Tarauacá

Os mutirões de cirurgias no interior são a aposta do governo para a saúde pública (Foto: Angela Peres/Secom)
Os mutirões de cirurgias no interior são a aposta do governo para a saúde pública (Foto: Angela Peres/Secom)

No leito 15 do Hospital Dr. Sansão Gomes, em Tarauacá, o pequeno Lucas, de apenas 8 anos, aguardava por um procedimento cirúrgico, ao lado da mãe. Foram dezenas de horas até chegar ao hospital, depois de subir por três dias o Rio Muru. Se não fosse a equipe médica do Hospital das Clínicas estar no município para realizar mais um mutirão de cirurgias, eles teriam que se deslocar até a capital. Em um dos portos de atracagem de Tarauacá, o pai e um dos irmãos de Lucas o aguardavam para pegar novamente o barco e encarar a longa viagem da volta.

Lucas é mais um dos beneficiados pelos mutirões realizados pela equipe do HC, para atender a demanda de pacientes que necessitam fazer o Tratamento Fora do Domicílio (TFD). Dessa vez em Tarauacá, foram realizados 109 atendimentos, entre cirurgias de hérnia e vesícula e avaliações médicas.

Lucas viajou por três dias com a família para ser atendido no mutirão (Foto: Angela Peres/Secom)
Lucas viajou por três dias com a família para ser atendido no mutirão (Foto: Angela Peres/Secom)

A tímida mãe de Lucas, Helena Martins, fala como são importantes os mutirões no interior. “A gente mora no Seringal Repouso, e até chegar aqui a viagem já cansa. Se tivesse que ir para Rio Rio Branco, ainda ia ser mais difícil ainda, porque não tenho um parente por lá”, frisou.

Quem também demorou a chegar a Tarauacá foi Vicente Gomes, morador da comunidade Conceição, às margens do Muru. Por causa de uma hérnia, ele parou até de trabalhar. “O atendimento aqui é melhor, porque minha família é de Tarauacá e nunca fui a Rio Branco, não conheço ninguém lá, aqui é mais fácil, eu pego o barco e em duas horas e meia já chego”, justifica.

Nos mutirões, cerca de 20 cirurgias são feitas diariamente, sob a coordenação do cirurgião Yotaro Suzuki, sempre presente nesses atendimentos que já são feitos há mais de três anos. Segundo ele, uma vez que a estrutura da capital começou a ser levada para o interior, foi possível acabar com a demanda reprimida dos pacientes carentes de cirurgias no Estado. “Uma preocupação do governador é de que os atendimentos de saúde sejam feitos da maneira mais humanizada possível, e sempre fomos sensíveis a essa necessidade de trazer a estrutura de Rio Branco para o interior”, salienta.

Acompanhada pela filha, Zélia Frota tirou pedras da vesícula no mutirão (Foto: Angela Peres/Secom)
Acompanhada pela filha, Zélia Frota tirou pedras da vesícula no mutirão (Foto: Angela Peres/Secom)

Durante os mutirões, os pacientes sem muitas complicações são operados no próprio município, ao passo que outros ainda precisam ser encaminhados a Rio Branco. Nesses casos, o agendamento prioritário já é feito na mesma ocasião, para dar agilidade ao processo de atendimento das pessoas no HC. Rosineia Frota, moradora de Tarauacá, acompanhou a internação e cirurgia da mãe, Zélia, para a retirada de pedras na vesícula. Já o tio de Rosineia precisará vir à capital.

“É uma iniciativa louvável, porque a cirurgia em si já mexe emocionalmente com o paciente, e quando a pessoa precisa se deslocar ainda é mais complicado. Trazer os médicos até aqui diminui bastante essa ansiedade, principalmente se o paciente tem a família por perto”, ressalta.

Desde maio deste ano, já foram realizados mutirões em Feijó, Sena Madureira e Brasileia, com médicos de múltiplas especialidades. “Nosso objetivo é encaminhar o paciente a Rio Branco somente se o atendimento no município não resolver, para dar mais comodidade às pessoas sem que precisem se deslocar”, disse a coordenadora do TFD no Acre, Ediná Monteiro.

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