Com a cheia do Rio Madeira, em Rondônia, o período da crise de fornecimento vivida pela população acreana já dura mais de 50 dias. Em 26 de fevereiro, o Estado declarou situação de emergência, por meio do decreto n° 7.093. Em seguida, o governo federal reconheceu o pedido e publicou a portaria n° 69, no dia 28 também do mês passado, no Diário Oficial da União (DOU), autorizando o empenho e a transferência de recursos para as ações executadas pela Defesa Civil local.
Em março entraram no estado, pela BR-364, apenas 605 veículos, munidos com 3,708 toneladas de alimentos, 1,3 milhões de litros de combustível, 177 toneladas de gás e 90 toneladas de cimento. Antes, a média chegava a 6,5 mil caminhões por mês
A estimativa da Secretaria da Fazenda (Sefaz) é de que as perdas para o Acre são de R$ 220 milhões, já que, entre outros motivos, houve queda na arrecadação de tributos, a exemplo do ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação). Como o número de cargas que alimentam o mercado diminuiu, o rendimento empresarial também sofreu o impacto e desencadeou uma série de agravos financeiros no setor.
Dados
Hoje, a BR-364 apresenta oito trechos comprometidos, sendo o mais crítico em Mutum-Paraná, no distrito da cidade de Porto Velho. Entre dezembro de 2013 e fevereiro de 2014, o governo acreano registrou uma média de entrada de 6,5 mil caminhões por mês. Para ter uma dimensão da disparidade, o quantitativo para março foi de apenas 605 veículos, munidos com 3,708 toneladas de alimentos, 1,3 milhões de litros de combustível, 177 toneladas de gás e 90 toneladas de cimento.
Uma aeronave carrega entre 13 e 21 toneladas, enquanto uma carreta suporta até 41 toneladas
Como uma alternativa à via terrestre, a presidente Dilma Rousseff disponibilizou aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB). Até a última quinta-feira, 27, a instituição já havia realizado 70 voos para abastecer o estado, com 485,863 toneladas de itens de primeira necessidade – hortifrutigranjeiros, leite, ovos e trigo –, além de 75 toneladas de medicamentos e oxigênio para unidades de Tratamento Intensivo (UTI) hospitalar e domiciliar. Soma-se, ainda, o frete de outro avião, que trouxe mais 241 toneladas dos produtos já citados.
Em relação ao gás, as reservas estão asseguradas até o fim de abril. Mesmo com prejuízo de R$ 13 milhões, a Fogás articulou medidas, ainda no início da cheia do Rio Madeira, para não deixar a região desassistida, encaminhando três balsas para Rio Branco e uma para Cruzeiro do Sul, com um total de 1.720 toneladas. Há previsão, ainda, que mais uma embarcação entregue 450 toneladas no próximo dia 7.
Combustível
Por meio de nota oficial, a Petrobras informou que o fornecimento aos postos de combustíveis ligados à distribuidora está certificado, com o transporte da balsa-tanque que atracou em Porto Acre na última sexta-feira, 28: “A companhia colocou em operação um esquema especial que permite a transferência do produto (gasolina e diesel) para os caminhões-tanque durante todo o dia e também no fim de semana, garantindo, assim, a reposição dos combustíveis nos postos Petrobras”.
A empresa se refere a chegada de 2,4 milhões de litros de gasolina – capazes de abastecer 48 mil veículos populares (tanque de 50 litros). Destes, cerca de 400 mil litros já estão na capital desde o dia de sábado, 29. Além disso, mais 2,4 milhões de litros de diesel comum e S-10 foram transportados ao estado. A previsão é que o abastecimento seja normalizado ainda neste fim de semana.