Professor desenvolve trabalho de residência artística no Ponto de Cultura Som da Floresta e uma oficina para atores e não-atores
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Zeca Ligiéro realiza oficina para atores e não-atores em Rio Branco até o dia 25 deste mês (Foto: Val Fernandes)
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Foi em 1989, a convite do Sesc Acre, que o professor Zeca Ligiéro aportou por aqui para realizar uma oficina com artistas locais. O desafio era montar um espetáculo teatral em uma semana. O foco envolvia as culturas negra e indígena. Foi esse trabalho que impulsionou Ligiéro a desenvolver o projeto que resultou no “Estudos da Performance Afro-Ameríndia: criação e documentação digital”. A pesquisa se aprofundou especificamente na cultura negra.
Dessa experiência sobrou o desafio de se debruçar numa pesquisa mais ampla sobre a mitologia indígena. A partir daí, Zeca Ligiéro, através do projeto residência artística em Pontos de Cultura do Ministério da Cultura, resolveu voltar a Rio Branco. Até o dia 25 deste mês, ele desenvolve no Ponto de Cultura Som da Floresta, projeto escolhido para sua residência artística, um trabalho baseado na sua pesquisa, além de ministrar uma oficina para atores e não-atores, das 19 às 22 horas, às segundas, quartas e sextas-feiras, no Cine Teatro Recreio, com o apoio da Ong Vertente e governo do Acre.
“A ideia da oficina é propor o diálogo com o grupo, por meio da dança, contação de histórias, expressões e vários tipos de narrativas. São mais de vinte anos de uma prática de investigação de campo. Documentos audiovisuais, textos e experiências que guardam o registro de práticas performativas, que popularmente conhecemos como folguedos, danças, manifestações e festas populares”, explica.
Ligiéro pretende com a oficina promover processos de criações, tanto individuais como coletivos, com o objetivo de iniciar a formação de um artista-pesquisador. “É interessante que o artista possa desenvolver um trabalho a partir de suas experiências, suas tradições e suas práticas”, diz Ligiéro. Esse artista, segundo ele, é aquele que se debruça nas suas origens e no diálogo crítico com as tradições.
Experiências de performances
Fundador do Núcleo de Estudos das Performances Afro-Ameríndias da Unirio (Nepaa). mestre e doutor pela New York University, sob orientação de Richard Schechner, uma das mais importantes referências nos estudos da Performance. Desde 2000, Ligiéro faz parte do Instituto Hemisférico de Performance e Política, um grupo de instituições e artistas que ajudou a fundar junto à norte-americana Diana Taylor.
Nos últimos anos, o Nepaa foi responsável pela realização de encontros dentro e fora do Brasil, reunindo pesquisadores e artistas de vários países da América Latina, como Augusto Boal, Amir Hadad, Paolo Vignolo, Regina Polo Müller e outros.
