Governo entrega documento da terra para assentados do projeto Recreio Berlim
Foram necessários alguns anos de espera, muitas lutas e momentos difíceis. Mas o dia 29 de agosto entra para história do Projeto de Assentamento Berlim Recreio, do Instituto Federal de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Feijó, como a data em que as primeiras 101 famílias das 519 assentadas receberam o título definitivo da propriedade. Elas ganharam o documento da posse da terra das mãos do governador Tião Viana e do presidente do Incra, Taumaturgo Neto. A previsão é entregar mais 80 títulos ainda este ano.
Segundo o presidente do Incra, 20% das famílias receberam o título nesta primeira etapa e o trabalho continua para beneficiar todas as famílias. “Nós fazemos as visitas técnicas, vistoriamos se o assentado ainda mora na terra e enviamos o processo para Brasília. A demora ocorre porque essa ação tem sido feita em todo o Brasil”, explica Taumaturgo Neto. O PA Berlim Recreio teve sua área desapropriada em 2001 e foi criado em 2002. O nome foi uma escolha da comunidade, que decidiu reunir os nomes dos dois seringais desapropriados para criar o projeto de assentamento.
Raimunda e Francisco Ferreira são casados e moram na área bem antes da desapropriação. Vieram do Alto Envira quando a borracha entrou em crise. Com o título definitivo em mãos ela conta que agora chegou o sossego que precisava. “Sem o documento a gente sabe que a terra não é nossa. Podem fazer qualquer coisa que não temos como provar ou recorrer. Agora tudo muda e eu acredito que fica melhor. Vai ser mais fácil tocar o barco daqui pra frente”, disse o produtor.
Para Raimunda, valeu a pena esperar: “A gente não imaginava que um dia teria luz. Hoje nós temos energia em casa. Não imaginava que teria escola. Hoje tem. Com a ajuda de Deus tudo vai chegando na nossa terra”, declarou.
Para o governador Tião Viana as ações de governo, executadas em parceria com o governo da presidente Dilma Rousseff, são gratificadas pelo reconhecimento das pessoas. “Hoje não temos só o documento da terra, tem outras ações chegando como a assistência técnica, o Luz para Todos, o ensino médio que já está presente aqui no projeto de assentamento, os ramais melhorados. Com esforço nós vamos mudando a realidade das pessoas e é isso que nós queremos, oportunidade para trabalhar pelo nosso povo”, comentou.
Luta pela posse da terra
Luiz Monteiro foi o primeiro produtor a assinar uma ficha de filiação junto ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Feijó e também um dos que lutaram pela posse da terra. “Hoje é um dia histórico porque pra isso acontecer foi preciso muita luta, sangue derramado e até gente presa. Infelizmente eu tenho companheiros de luta que não viveram para ver este dia, mas esse título é mais que um documento, é o reconhecimento de todo o nosso esforço.”
A Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof) oferece assistência técnica dentro do projeto de assentamento. “Vamos iniciar agora mecanização das propriedades das famílias que vão trabalhar com o açaí. As mudas, produzidas no viveiro próximo ao rio Jurupari em parceria com a Secretaria de Florestas, já estão prontas para o plantio”, disse o secretário Lourival Marques.
O Incra anunciou que a partir do próximo ano também fará mecanização nas terras, para auxiliar os produtores com tecnologia na produção.
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