O Brasil possui entre 400 mil e 600 mil catadores de materiais recicláveis. Os dados são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Esses trabalhadores são agentes essenciais para a reciclagem no país.
No bairro Cidade do Povo, em Rio Branco, há o exemplo de quem encontrou na atividade de catador a saída para os vícios em drogas e álcool e, ainda, uma forma de contribuir com a preservação do meio ambiente.
Carlos Celso da Silva, de 52 anos, ex-morador do bairro Taquari, área alagadiça da capital, já passou por momentos difíceis. Atualmente, considera-se um alcoólatra em tratamento.
Nos tempos de crise, chegou a dormir na rua. Hoje, morando no maior empreendimento habitacional social do estado, ele passa os dias catando lixo e vendendo para uma empresa de reciclagem. “Foi a forma que encontrei de ocupar a mente, e hoje a atividade me ajuda a sobreviver. Tenho orgulho do que faço”, disse.
Os catadores realizam um serviço de utilidade pública, já que, com a coleta do lixo e sua venda para reciclagem, diminui a quantidade de materiais que, caso fossem descartados, ocupariam espaço em aterros e lixões. A reciclagem aumenta, portanto, a vida útil dessas áreas destinadas a receber descarte.
São pessoas como Carlos que coletam, separam, transportam e, às vezes, beneficiam os resíduos sólidos, transformando o que antes era visto como lixo, inútil e pronto para ser descartado, em mercadoria, com valor de uso e de troca.
O morador já é conhecido pelos vizinhos. Muitos já separam material coletado por ele – ferro, alumínio e cobre – e o deixam em sua residência, como forma de contribuir com o trabalho. “Eu me sinto útil onde moro, muitas vezes tiro lixo e deixo a rua limpinha, todos gostam disso”, relatou.
Sobre sua nova casa, ele comenta, feliz: “A alagação, o vício e o sofrimento ficaram para trás”.
Cidade do Povo
Segundo a Secretaria de Estado de Habitação (Sehab), 10.220 pessoas já vivem no empreendimento. O novo bairro da capital acreana conta com escolas, delegacia, postos de segurança e unidades de saúde – inclusive uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) – e diversas áreas de lazer e comerciais. Ao todo, 10.518 moradias deverão ser construídas para receber mais de 50 mil pessoas.