Seminário sobre Etnodesenvolvimento e Sustentabilidade reúne povos indígenas de três estados da Amazônia

Até a próxima sexta-feira, 24, o Acre sedia o Seminário Regional Etnodesenvolvimento e Sustentabilidade. Promovido pela Secretaria de Governo da Presidência da República e Fundação Nacional do Índio (Funai), o evento, que conta com o apoio institucional do governo do Estado, tem como principal objetivo promover o intercâmbio e debater alternativas econômicas socioambientais entre os povos indígenas da Amazônia.

A abertura do fórum foi realizada nesta quarta-feira, 22, no auditório da Uninorte, em Rio Branco. Representantes indígenas do Acre, Amazonas e Roraima participam das discussões. Durante os painéis, serão apresentados exemplos de sucesso desenvolvidos pelos povos tradicionais em vários estados do país nas áreas da agricultura, turismo, artesanato e concessão de créditos de carbono.

Até a próxima sexta-feira, 24, o Acre sedia o Seminário Regional Etnodesenvolvimento e Sustentabilidade, que conta com participação de povos indígenas de três estados amazônicos. Foto: Diego Gurgel/Secom

“O Brasil tem muitos exemplos positivos na criação de pirarucu, plantação de café e etnoturismo, entre outros. Queremos divulgar essas iniciativas para que outros povos sintam-se motivados a buscar sua própria autossustentabilidade”, explicou Fabrício Galupo, diretor substituto de Promoção de Desenvolvimento Sustentável da Funai.

O governador em exercício, Major Rocha, prestigiou a solenidade. Para ele, a realização do seminário com essa temática representa um momento histórico para os índios da Amazônia. De acordo com o gestor, é preciso criar mecanismos sustentáveis para que os povos tradicionais prosperem sem agredir o meio ambiente.

Governador em exercício, Major Rocha classificou realização do seminário como um momento histórico para os índios da Amazônia. Foto: Diego Gurgel/Secom

“Nossos irmãos indígenas não querem viver da maneira que era 500 anos atrás. Eles precisam ter a oportunidade de ser protagonistas do seu próprio desenvolvimento e não mais aceitar qualquer imposição. Fico muito feliz por participar deste momento e ouvir dos próprios indígenas seus anseios, assim como o desejo de construir um país melhor para todos”, afirmou.

Durante o evento, houve ainda a assinatura de um protocolo de intenções entre a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e das Políticas Indígenas (Semapi) e Secretaria de Governo da Presidência da República para subsidiar ações desenvolvidas pelo governo acreano junto aos povos tradicionais.

Durante o seminário, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e das Políticas Indígenas (Semapi) e Secretaria de Governo da Presidência da República assinaram protocolo de intenções para validar as ações realizadas pelo governo acreano com os povos tradicionais. Foto: Diego Gurgel/Secom

“A assinatura desse documento é mais uma demonstração do cuidado do governador Gladson Cameli na melhoria da condição de vida dos povos indígenas acreanos. Estamos realizando muitos investimentos para que esses avanços continuem. Nos meses de outubro e novembro, por exemplo, entregaremos quase R$ 8 milhões em equipamentos e também o Plano de Gestão Territorial Indígena para 25 terras indígenas do nosso estado”, esclareceu o titular da Semapi, Israel Milani.

Representando os indígenas do Acre, Manoel Kaxinawá destacou a realização do encontro como oportuna e enfatizou a necessidade dos povos originários de alcançarem sua própria independência financeira por meio da identificação dos potenciais econômicos das 14 etnias presentes no estado.

Para Manoel Kaxinawá, os indígenas acreanos precisam alcançar sua independência econômica de maneira sustentável. Foto: Diego Gurgel/Secom

“O etnodesenvolvimento focaliza a riqueza natural e os conhecimentos dos povos indígenas. Depois de tudo que já enfrentamos nesta pandemia, esse seminário vem para nos ajudar a debater propostas para que possamos ter uma melhoria econômica de maneira sustentável, sempre preservando o meio ambiente”, disse.

A presidente da Sociedade de Defesa dos Índios de Roraima (Sodiurr), Irisnaide de Souza Silva, está entusiasmada com o plantio de 30 mil hectares de soja na Reserva Indígena Raposa Serra do Sol. Segundo ela, além da geração de 300 empregos indiretos, os recursos levantados com a venda do grão trarão benefícios para mais de 22 mil índios, que vivem na região.

Irisnaide Souza da Silva, presidente da Sodiurr, falou sobre a grande expectativa para a plantação de 30 mil hectares de soja na Reserva Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Foto: Diego Gurgel/Secom

“Trabalhamos sempre pensando na qualidade de vida dos povos indígenas da reserva Raposa Serra do Sol. Nosso projeto sustentável para plantar soja foi aprovado em assembleia da nossa organização e, em breve, iniciaremos os trabalhos. A partir disso, esperamos conquistar nossa independência econômica. Além disso, também queremos capacitar nossos jovens para manusear as máquinas, garantindo que eles mesmos ocupem as vagas de emprego e tenham renda”, argumentou.

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