Saúde oferece curso de capacitação sobre morte encefálica para médicos do Acre

O curso foi ministrado pela equipe do Hospital Israelita Albert Einstein, composta por quatro médicos intensivistas e dois enfermeiros

Médicos que lidam diariamente com pacientes em estado crítico de saúde nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) do Estado receberam na manhã desta terça-feira, 25, capacitação sobre as atualizações da Resolução 2.173, do Conselho Federal de Medicina (CFM), que trata dos critérios do diagnóstico de morte encefálica. Participaram 32 médicos de Rio Branco e Cruzeiro do Sul.

O curso foi ministrado pela equipe do Hospital Israelita Albert Einstein, composta por quatro médicos intensivistas e dois enfermeiros. Uma das principais mudanças da resolução do CFM foi em relação ao tempo entre o primeiro exame clínico e o segundo, que passou de 6h para 1h, para comprovar a morte encefálica. Outro ponto foi o esclarecimento sobre os médicos habilitados a realizarem os exames.

“A ideia é tentar homogeneizar um pouquinho todas as informações que a gente tem. Ainda é um assunto relativamente novo, não é algo assim tão difundido, e teve essa regulamentação, de dezembro de 2017, que é a nova resolução. Então eu acho que é reforçar os pontos principais e tentar esclarecer algumas dúvidas que existirem”, explica o médico intensivista do Hospital Israelita Albert Einstein, Eduardo Casaroto.

“A ideia é tentar homogeneizar um pouquinho todas as informações que a gente tem”, explica o médico intensivista do Hospital Israelita Albert Einstein, Eduardo Casaroto Foto: Odair Leal/Secom

O paciente diagnosticado com morte encefálica é um potencial doador de órgãos, entretanto, no Brasil, há resoluções que exigem a autorização da família para doação. Nesse sentido, outro ponto importante discutido dentro da capacitação foi quanto à comunicação adequada entre o médico e a família do paciente.

“A maior habilidade do médico não é se comunicar, então muitas vezes é difícil o médico se fazer entender. Quando a conversa vem bem alinhada, as coisas fluem bem e, na maior parte das vezes, a família acata a doação. Agora, quando não ficou muito claro desde o início ou o médico não explicou e só fala lá no final, isso é complicado, porque reagem dizendo ‘ah, eu estou muito ocupado’, mas tem de arrumar um tempo e conversar com a família. Tem que explicar que nesse momento esse é um dos nossos principais pacientes da UTI porque ele pode ajudar vários outros pacientes”, destaca Casaroto.

A coordenadora Estadual do Centro de Transplantes do Acre, Regiane Ferrari, explica que o critério para a escolha dos profissionais a receberem essa capacitação foi estabelecido de acordo com as unidades que recebem pacientes em estado crítico.

“Hoje, no Acre, só Rio Branco e o Hospital do Juruá recebem pacientes em estado crítico nas UTIs. Até vieram dois médicos do Hospital do Juruá, que atendem esses pacientes. Os demais foram selecionados dentro das unidades pelos seus próprios gestores”, explica Regiane Ferrari.

A coordenadora Estadual do Centro de Transplantes do Acre, Regiane Ferrari, explica que o critério para a escolha dos profissionais a receberem essa capacitação foi estabelecido de acordo com as unidades que recebem pacientes em estado crítico Foto: Odair Leal/Secom

A expectativa da gestora é que o estado receba até o final do ano mais um curso com foco em protocolo de morte encefálica. “Esse curso só é dado para os médicos intensivistas, neurologistas e clínicos. Estamos tentando obter aprovação do Ministério da Saúde para oferecer mais um curso”, acrescentou a coordenadora do Centro de Transplantes do Acre.

O curso é uma parceria que envolve o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional (Proadi) do Sistema Único de Saúde (SUS), Ministério da Saúde, Hospital Israelita Albert Einstein e a Sesacre. O que se faz é o treinamento dos profissionais da saúde para o diagnóstico mais rápido e preciso do paciente com o quadro de morte encefálica, que é a definição legal de morte, e consiste na paralisação total das atividades cerebrais.

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