Saúde alerta para os riscos da automedicação em tempos de coronavírus

Após notícias de que medicamentos que contêm hidroxicloroquina e cloroquina podem ser promissores no combate ao coronavírus, muitos acreanos estão recorrendo às farmácias em busca de comprar o remédio como forma de prevenção à contaminação.

A Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) alerta sobre os riscos que a automedicação, de um modo geral, pode causar à saúde, uma vez que não há estudos conclusivos que comprovam o uso desses medicamentos, nem de nenhum outro até o momento para o tratamento da Covid-19. Um cuidado também para evitar que faltem esses remédios para pacientes que fazem uso no tratamento de doenças como malária, artrite e lúpus.

“Sabemos que essas medicações já são usadas para outros tratamentos. A cloroquina, conhecida no tratamento da malária, sendo o Acre uma região endêmica para a doença. É importante que as pessoas tenham essa consciência de não querer se imunizar com algo que não tem embasamento científico nenhum. Outra, uma vez que essa medicação venha a faltar nos postos de saúde e nas farmácias, o paciente que realmente necessita do tratamento pode evoluir para um quadro não tão favorável, assim como pacientes reumatológicos, como portadores de lúpus, que já estão tendo dificuldade de achar essas medicações nas farmácias. A população com medo, sem conhecimento do fato, ouvindo fake news, acaba recorrendo e fazendo uso da cloroquina para evitar a doença ou combater supostamente o vírus”, explica o coordenador-geral do Samu, Pedro Pascoal.

Portanto, não há recomendações de nenhum órgão da Saúde, tampouco, da Anvisa, no momento, para a utilização desses remédios que são indicados para o tratamento da malária e das chamadas doenças autoimunes, como lúpus, em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção ao coronavírus.

O uso desses medicamentos sem indicação médica é muito perigoso e pode causar sérios problemas à saúde, como reforça Pascoal, lembrando que essas medicações estão sendo testadas para os pacientes que desenvolvem o quadro grave da doença, na tentativa de tratar a resposta inflamatória que o vírus ocasiona.

“O que destacamos entre outras coisas para o uso indevido da medicação, que um dos efeitos colaterais da cloroquina e hidroxicloroquina é que pacientes desenvolvem distúrbios hematológicos, como anemia aplásica e anemia hemolítica, enfim, alguns tipos de anemias. Outra situação gravíssima como efeito colateral desses medicamentos é uma alteração da condução elétrica do coração que pode ocasionar arritmias. Então, são alguns fatores de efeito colateral dessa medicação que não deve ser prescrita sem uma orientação médica”, orienta.

Na noite deste sábado, o Ministério da Saúde (MS) sinalizou que pode autorizar, nos próximos dias, a prescrição da cloroquina e da hidroxicloroquina para casos graves de Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. Mas que a eventual liberação dos remédios terá caráter experimental e valerá apenas para pacientes internados em estado grave.

No Acre, conforme boletim oficial da Sesacre, divulgado na tarde deste sábado, 21, 11 pessoas testaram positivo para o novo coronavírus no estado, todos residentes no município de Rio Branco, conforme informações repassadas pelo Laboratório Charles Mérieux. Nenhum dos casos apresenta quadro grave da doença.

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