Saudade do seringal faz ex-seringueiro visitar a Biblioteca da Floresta

Nascido na região entre Brasileia e Assis Brasil, no seringal Montevidéu, Joane Jerônimo, 56, visitou a Biblioteca da Floresta/Fundação Elias Mansour (FEM) nesta quarta-feira, 25. O ilustre visitante ex-seringueiro, atualmente aposentado pelo serviço público, percorreu as atuais exposições e o espaço de sua preferência, o Povos da Floresta – no local há uma réplica da casa do seringueiro.

A cada visita, Joane Jerônimo faz uma viagem ao passado (Foto: Assessoria Biblioteca da Floresta)
A cada visita, Joane Jerônimo faz uma viagem ao passado (Foto: Assessoria Biblioteca da Floresta)

Até os 18 anos, Jerônimo permaneceu no seringal. Conta que veio para Rio Branco após o fim do segundo ciclo da borracha, foi alfabetizado e se tornou servidor público no Corpo de Bombeiros.

Pai de três filhos, sempre usa as memórias do tempo sofrido do seringal durante a infância para dar ensinamento sobre resistência e superação.

Casa do Seringueiro

Por conta da identificação cultural com o lugar, Jerônimo costuma trazer a filha e colegas da escola dela para conhecerem a biblioteca.

“Quando entro na Casa do Seringueiro sinto saudades da minha infância. Fico satisfeito por existir um lugar que preserva a história e a cultura do meu povo. Toda vez que sinto falta da floresta, venho visitar essa biblioteca, ela me faz voltar no tempo”, enfatiza.

Escolta pessoal de Chico Mendes

Das experiências que marcam a história do aposentado, ele recorda com mais intensidade o período de uma semana em que fez a escolta pessoal do líder seringueiro, Chico Mendes.

Escalado pelo comando da Polícia Militar, Jerônimo acompanhou de perto a luta do patrono do Meio Ambiente para preservação da floresta e de seus habitantes.

“Lembro-me da simplicidade no modo de agir de Chico Mendes, da seriedade com que tratava a situação dos povos da floresta, da preocupação com o futuro das famílias que ainda se encontravam nos seringais. O medo dele era ver as crianças e famílias virem de lá e serem marginalizados aqui pelas drogas, pela prostituição”, recorda. “Ele não queria que os seringueiros fossem donos de grandes áreas de terras, mas que pudessem permanecer no seu lugar de origem.”

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