“Recomeço de vida”, diz paciente que passou por transplante de fígado no Acre

Francisco se emociona ao lembrar dos dias difíceis antes do transplante (Foto: Júnior Aguiar)

Os olhos verdes do professor de matemática Francisco Assis Marinheiro, 64 anos, brilham ao falar das expectativas renovadas após o transplante de fígado pelo qual passou na última quinta-feira, 12, no Hospital das Clínicas (HC) de Rio Branco. Recuperando-se em um dos leitos da enfermaria do hospital, ele relembra a emoção que sentiu ao receber o telefonema que o avisava de que havia um órgão disponível.

Naquela véspera do Dia das Crianças e Dia de Nossa Senhora Aparecida, Marinheiro esqueceu o medo de avião e enfrentou seis horas de voo de Porto Velho, Rondônia, a Rio Branco ao lado da esposa para se submeter ao procedimento que, segundo ele mesmo diz, mudaria sua vida.

Há quatro anos em tratamento contra uma cirrose crônica, Marinheiro via sua saúde se debilitando nos últimos meses, mesmo com o uso dos medicamentos.

“Depois que recebi o diagnóstico da doença, mantive minha rotina de professor e coordenador de lazer no Sesc, mas nos últimos tempos minha saúde estava piorando, o tratamento não estava avançando. O transplante era urgente”, relembra.

Karla Simone Marinheiro, a esposa, diz que o alívio é grande após a cirurgia. “Foram tempos muitos difíceis. Não foi fácil mesmo enfrentar essa doença e a expectativa de quando chegaria o dia do transplante. Quando nos ligaram, quase não acreditamos. Não tem como explicar a felicidade que estamos sentindo”, comemorou.

A cirurgia ocorreu na madrugada de quinta-feira e tudo correu muito bem. “Encontrei aqui uma equipe já preparada, que me passou toda segurança no que estava fazendo e isso me deixou muito tranquilo. Não posso deixar de agradecer a esse trabalho maravilhoso do governo do Estado, da equipe do doutor Tércio Genzini e de todos os outros médicos e enfermeiros que me cuidaram e estão me cuidando tão bem”, diz o paciente.

Agora, o professor diz que quer continuar trabalhando e mantendo a rotina, dentro do possível. “É o recomeço de uma vida”, finaliza, com os olhos marejados e a voz embargada de quem renasceu.

Em recuperação no HC, Francisco ganha os cuidados da esposa (Foto: Júnior Aguiar)

Acre é o único estado da Região Norte a realizar transplantes de fígado

O fígado que salvou a vida de Francisco Marinheiro foi doado pela família de um jovem de 17 anos, de Mato Grosso do Sul, que morrera em decorrência de um acidente de trânsito.

A vinda de um paciente de Rondônia demonstra os avanços alcançados pela saúde do Acre desde a implantação do programa de transplantes no estado.

Esse é o 27º transplante de fígado realizado no Acre desde 2014, ano que marcou o início da realização dos procedimentos no estado.  Somente este ano, 11 procedimentos desse tipo já foram feitos. Além de mais de 300 transplantes viabilizados por meio do Tratamento Fora de Domicilio, no Hospital das Clinicas, já foram realizados outros 310 transplantes.

Na Região Norte, apenas o Acre realiza o procedimento de transplante de fígado.

 

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