Quero Ler: alfabetização, sonho e liberdade para alunos do Altamira

“Ler é liberdade. É a esperança nos olhos pelo amanhã. É a atração do conhecimento” Tião Viana (Gleilson Miranda/Secom)
“Ler é liberdade. É a esperança nos olhos pelo amanhã. É a atração do conhecimento”, afirma Tião Viana (Gleilson Miranda/Secom)

“Ler é liberdade. É a esperança nos olhos pelo amanhã. É a atração do conhecimento. A educação é, sem dúvida, um complemento da liberdade, de sonhos e da vida.”

Com esse singelo discurso, o governador Tião Viana saudou na noite desta segunda-feira, 13, a turma de 20 alunos do bairro Altamira, que mesmo com a idade avançada, pela primeira vez na história de suas vidas, estão tendo a oportunidade de aprender a ler e a escrever.

A escola é um pequeno quarteirão, que a partir de uma força-tarefa da própria comunidade, direcionada pelas professoras Cláudia Cardinali e Marli Fernandes, deu origem ao espaço aconchegante, que se soma a outras 373 turmas de alfabetização do programa de erradicação do analfabetismo – o Quero Ler – em Rio Branco.

“No início eu não acreditei que uma turma poderia ser formada aqui. Mas a partir da nossa iniciativa de trazer o projeto para o bairro, logo a turma foi crescendo. E hoje nós, que somos os educadores, também aprendemos com a força de vontade, determinação e dedicação deles, que se propõem a receber o ensino”, conta a professora Cláudia Cardinali.

A turma de 20 alunos do Altamira compõem as 374 existentes em Rio Branco que promovem o ensino a cinco mil alunos (Gleilson Miranda/Secom)
A turma de 20 alunos do Altamira compõe as 374 existentes em Rio Branco que promovem o ensino a cinco mil alunos (Gleilson Miranda/Secom)

O secretário adjunto de Estado de Educação e Esporte e coordenador do programa Quero Ler, Moisés Diniz, pontuou que o projeto é constituído por uma política pública que transcende um valor social muito forte.

“Aqui a gente vê que esse projeto tem um valor social imenso. Hoje as pessoas estão aqui cheias de gratidão ao governo, à prefeitura e a todos os envolvidos nessa valorosa ação que mudará vidas”, afirma Diniz.

Tião Viana lembrou que os 20 alunos do Altamira são parte dos cinco mil que estão efetivamente matriculados no programa. “Nossa meta é alcançar os 12 mil alunos. E quando isso acontecer, teremos zerado o analfabetismo em Rio Branco, e é aí que iremos avançar para o interior do estado. O Acre ainda será o primeiro estado do país a erradicar o analfabetismo”, afirma.

Educação: portas abertas para o mundo

O casal Antônio e Creuza contam que nunca tinham tido a oportunidade de aprender a ler (Gleilson Miranda/Secom)
O casal Antônio e Creuza conta que nunca tinha tido a oportunidade de aprender a ler (Gleilson Miranda/Secom)

Entre os alfabetizandos do Altamira é impossível não se sensibilizar e inspirar-se na força de vontade do casal Antônio Castro (72 anos) e Creuza Oliveira (67 anos).

Naturais do seringal Macapá, situado às margens do Rio Purus em Manoel Urbano, contam que chegaram a Rio Branco em 1992 e, até então, nunca tinham tido a oportunidade de aprender a ler. Nem em 51 anos de casados. Muito menos com a responsabilidade de trabalhar duro para criar sete filhos.

“Eu nunca tive tempo de estudar quando era novo. Hoje eu vejo que a idade é o que menos importa, eu quero mesmo é estudar e em algum dia da minha vida aprender a pegar pelo menos um ônibus e saber que eu fiz isso sozinho”, conta o aposentado.

A esposa, Creuza, lembra que pertence a um tempo em que no seringal, sequer caderno existia. “Eram umas folhas grandes de papel que a gente cortava no meio. Algumas vezes cheguei a frequentar aula, mas nunca segui adiante, então a gente esquece. Hoje estou muito feliz por estar de volta à sala de aula”, conta, entusiasmada.

Analfabetismo zero: educação e protagonismo

Para o prefeito Marcus Alexandre, o Acre e toda a população precisam assumir esse papel e serem protagonistas da educação, da batalha de erradicar o analfabetismo no estado. “Esse é o maior programa de inclusão social que o governo poderia ter lançado no estado”, declarou o prefeito.

A representante do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), Madalena Santos, parabenizou a ousadia do governo em promover um programa tão ousado e bonito.

“O Acre tem dado exemplo na melhoria da educação em todos os níveis. O enfrentamento do governo ao analfabetismo só vai garantir ainda mais desenvolvimento. E nós, do Banco Mundial, estamos dispostos a apoiá-lo nessa tarefa tão intensa”, garantiu Madalena.

O que disseram:

“Aqui o governo está dando oportunidade. Nós fomos a vários ministérios, reunimos esforços intensos e conseguimos avançar nesse programa que alfabetizará milhares no Acre.” – deputado federal Léo de Brito.

“Isso é uma grande lição de vida. A busca pelo saber não tem tempo. Essa é uma conquista de liberdade, de capacidade de compreender o mundo, algo que vocês só irão conquistar com a leitura. Os juízes virão aqui ministrar aulas pra vocês.” – presidente da Associação de Magistrados do Acre (Asmac), juiz Giordane Dourado.

“De forma simples e responsável, o Estado está chegando a todas as localidades e garantindo o direito ao acesso às letras e todos os conhecimentos, e o processos mentais que as letras proporcionam.” – secretário de Estado de Educação e Esporte, Marco Brandão.

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