Projetos de escola do Acre que abordam educação nas redes sociais, criação de reservatório e climatizador sustentável são finalistas em feira nordestina

A escola Presbiteriana João Calvino, de Rio Branco, conveniada com o governo do Acre, está comemorando, após ser finalista, com três projetos na Feira Nordestina de Ciências e Tecnologia (Fenecit), em Recife, Pernambuco. Os projetos abordam temas digitais e ambientais, denominados Uso das redes sociais no processo educativo: Um olhar para o Instagram e Tik Tok, Sistema Integrado de Gestão de Águas Pluviais (Sigap) e o climatizador sustentável. A lista foi divulgada no perfil da feira nesta terça-feira, 16.

Os trabalhos fazem parte da metodologia da escola em inserir os alunos cada vez mais cedo no mundo da pesquisa. Além de ser uma escola conveniada com o governo, o Estado vai custear estadia, passagens e alimentação para o evento que ocorre de 8 a 12 de outubro deste ano.

Alunos se preparam para representar o Acre em uma das maiores feiras do país. Foto: Arquivo pessoal

Um dos orientadores, o professor Paulo Cezar Augusto, destaca que a escola tem sido protagonista em diversos eventos, colocando o Acre em evidência quando o assunto é pesquisa.

“A participação de nossa escola representando nosso estado e educação em eventos nacionais já faz parte da história de destaques em grandes feiras nacionais e internacionais. Já conquistamos diversas premiações, e estes excelentes resultados demonstram que a educação do Acre é inclusiva, de qualidade e busca a plena formação acadêmica no contexto pedagógico, científico e tecnológico”, destacou ao frisar que o Acre não deixa a desejar em nada com relação aos grandes centros.

O professor pontuou, ainda, que a educação científica possibilita que os alunos tenham a capacidade de observar e buscar soluções para problemas que se apresentam no cotidiano.

“Fortalece o espírito científico, principalmente relacionado à pesquisa, leitura e interpretação dos diferentes problemas e contextos que se apresentam na vida cotidiana de todos. Buscamos, dessa forma, levar a ciência como mecanismo de transformação e mudanças positivas para a vida de todos: dos alunos, comunidade escolar e, acima de tudo, destacar a importância do eixo ciência, tecnologia, sociedade, cidadania e meio ambiente”, pontuou.

Projeto que insere educação nas redes sociais foi um dos escolhidos para ser finalista da feira. Foto: Arquivo pessoal

Mídias sociais: soluções educacionais e tecnologias

O primeiro projeto tem o objetivo de estimular a aprendizagem ativa, autônoma, cuja estratégia se concentra em levar conteúdos de estudos, criação de conteúdos, utilizando-se de ampla maneira das redes sociais como o Instagram e o Tik Tok, assegurando uma educação inclusiva, equitativa de qualidade, promovendo dessa maneira oportunidades de aprendizagem.

Uma das estudantes que fazem parte desse projeto é Ana Klara Cunha, de 16 anos e que faz o 2º ano do ensino médio. Ela conta que a ideia surgiu como forma de transformar o tempo gasto nas redes sociais em conhecimento.

“O trabalho está sendo desenvolvido desde o ano passado e percebemos que os alunos estavam passando muito tempo nas redes sociais, consumindo conteúdos irrelevantes. Com isso, chegamos a uma conclusão de que poderíamos expandir e explorar conteúdos e fazer os mesmos chegarem nos estudantes, para que o tempo que ficamos nas redes sociais seja usufruído de uma forma positiva. Trabalhar neste tema está sendo muito gratificante para nós, do projeto Bio Explorers, porque, por meio dele, estamos levando conhecimento a jovens estudantes de forma didática e prática”, definiu.

Ela disse que ficou muito feliz ao saber que era finalista de uma das feiras nacionais mais importantes. Desde 2013, a escola, que abrange os ensinos fundamental II e médio, tem se dedicado a incluir na grade escolar os eixos: ciência, tecnologia, meio ambiente e sociedade. O intuito é fazer com que os alunos entendam a ciência, saibam empregá-la no dia a dia, no que diz respeito ao meio ambiente, e levem respostas à sociedade.

“O apoio da escola é muito importante porque, por meio disso, vemos o esforço do corpo docente da escola Presbiteriana João Calvino em nos apoiar, incentivar e fazer o que for possível para nos levar ao sucesso. Com isso, temos a ajuda também do secretário Aberson Carvalho, que nos auxilia e dá todo o suporte financeiro para estarmos presentes nas feiras. Como cidadã, fico muito feliz em saber que nosso estado e nossa escola tem todo o apoio necessário para incentivar os jovens a serem revolucionários”, destacou.

A estudante reforçou também a importância dessa inserção dos alunos na formação pedagógica, acadêmica e científica: “Com isso, nesse processo, participamos de pesquisas científicas, leituras e análises de artigos científicos e também da própria produção de artigos científicos. E isso facilita para a nossa formação ao ingressar em uma universidade”.

Segundo projeto pensa em soluções para cheia e seca do Rio Acre. Foto: Arquivo pessoal

Águas para o futuro

O segundo projeto tem como objetivo desenvolver e implementar um sistema de reservatórios e canais de irrigação ao longo da bacia do Rio Acre, que sofre com cheias sazonais e secas severas, desestabilizando a sociedade economicamente, socialmente e fisicamente.

Laura Tereza Campos, de 16 anos, faz o 2º ano do ensino médio na escola. Ela explica que o projeto propõe uma solução para mitigar as enchentes recorrentes enfrentadas pelos habitantes do estado ao longo do ano.

“Nomeado como um sistema integrado de reservatórios, seu objetivo principal é armazenar o excesso de água resultante das chuvas. Após a captação da água nos reservatórios, que funcionarão como grandes reservatórios temporários, ela será direcionada por meio de canais para o nosso sistema de tratamento de água, atualmente reconhecido como Saerb [Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco] para evitar a estagnação que poderia resultar na propagação de doenças. Posteriormente, após o tratamento adequado, a água será distribuída às residências durante os períodos de triagem”, explica.

Ela diz, ainda, que vibrou com o resultado porque os estudantes vão poder apresentar um trabalho que aborda uma das questões mais debatidas no campo do meio ambiente.

“Quando iniciamos nossas pesquisas e começamos a idealizar nosso projeto, uma grande incerteza tomou conta do nosso grupo. O professor Paulo foi o primeiro a nos dar toda a coragem e incentivo que precisávamos. Nunca vou esquecer de quando quase desistimos do projeto e ele nos disse que muitas pessoas estavam esperando que apenas uma pessoa tivesse a coragem de expressar suas ideias. Esse apoio é extremamente importante para que jovens tenham suas ideias ouvidas e colocadas em prática. Somos gratas por ter a oportunidade de estar em um lugar onde nossos projetos mais loucos são ouvidos e incentivados”, pontuou.

O secretário de Educação do Estado, Aberson Carvalho, completou dizendo que o governo tem dado todo os incentivos necessários para que o Estado seja referência em diversas áreas e na educação não é diferente. Em seus pronunciamentos, ele tem reforçado o pedido do governador Gladson Cameli em equiparar a educação pública e privada, oferecendo as mesmas oportunidades.

“Resultados como esse da Escola João Calvino, que vai representar o Acre na Feira Nordestina de Ciências e Tecnologia, exemplifica o compromisso do governador Gladson Cameli com a educação, que tem avançado em estrutura, como, por exemplo, a modernização de nossos laboratórios de química, biologia, física e matemática, e de iniciativas que incentivam a pesquisa. Com o suporte do governo para as despesas, nossos estudantes demonstram o quanto a educação pública acreana tem potencial de se destacar cada vez mais no cenário nacional”, ressaltou.

A Fenecit é a Feira Nordestina de Ciência e Tecnologia realizada anualmente pelo Instituto Princípio do Saber na cidade de Recife, Pernambuco. No evento, são apresentados projetos de pesquisa em diversas áreas do conhecimento humano realizados por jovens cientistas da Educação Infantil ao Ensino Técnico e tem o objetivo de investir no potencial dos alunos para a pesquisa e para o desenvolvimento do conhecimento científico.

Mostra Viver Ciência está com inscrições abertas até 31 de agosto. Foto: Cedida

Climatizador

O climatizador é feito de materiais recicláveis e reutilizados, de forma simples e prática. É utilizada uma caixa de isopor para manter a temperatura, um joelho de PVC, um cooler de computador de 12 volts, uma bateria de 9 volts e alguns fios elétricos, utilizando água gelada e gelo como combustível. A ideia é usá-lo para climatização de pequenos ambientes.

Para Heloísa de Lima , de 16 anos, uma das alunas envolvidas no projeto, esse tipo de engajamento científico que a escola proporciona é importante para o desenvolvimento dos estudantes.

“Além de abrir a mente dos alunos para pensar de modo sustentável e ver as possibilidades que a sustentabilidade traz, nossa escola também trabalha bastante nessa ideia da produção de projetos, o que nos ajudou a ter a iniciativa em pensar em um projeto sustentável que ajudasse a vida das pessoas”, diz.

Viver Ciência

Para fortalecer mais ainda a linha científica nas escolas públicas, a Mostra Viver Ciência chega em sua décima edição este ano. A Mostra Acreana de Educação, Ciência e Tecnologia e Inovação é um evento científico organizado pela Secretaria de Estado da Educação, Cultura e Esportes e diversas instituições parceiras na promoção de ações inovadoras.

As instituições de ensino podem inscrever suas atividades educacionais até o dia 31 de agosto por meio de formulário na internet. Podem participar, preferencialmente, professores e alunos da educação básica, das redes pública e privada, professores e acadêmicos do ensino superior.

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