Projeto iniciado em maio tem agora mais de 40 pais participantes
A participação dos pais no processo de aprendizagem dos filhos é fundamental para que eles tenham êxito na vida estudantil, e quando isso vem acompanhado da presença da família na escola, o resultado não pode ser outro: alunos estimulados a aprender. Mas na escola Georgete Eluan Kalume, no bairro Cadeia Velha, isto não vinha ocorrendo, os pais se mantinham distantes e as crianças pouco interessadas nas atividades.
Diante do problema, os professores e a equipe gestora da escola foram atrás para descobrir o porquê da ausência da família nas tarefas de casa e o desestímulo dos alunos. A partir disso resolveram criar um projeto de reforço de leitura em que os pais tinham que assinar um termo de responsabilidade se comprometendo a acompanhar as atividades. Para surpresa de todos, a descoberta do problema veio antes do que se podia imaginar, quando no momento da assinatura, a maioria apenas colocava a impressão digital no papel, revelando serem analfabetos.
"As crianças não eram motivadas a estar na escola, estava faltando gosto pelo ato de estudar. Na busca de solucionar os problemas do processo de ensino/aprendizagem, decidimos criar um projeto para alfabetizar os pais das crianças", revela Sara Pinheiro, coordenadora pedagógica.
Com o apoio do programa de alfabetização Alfa 100, a direção da escola sensibilizou os pais através de seus filhos e abriram a primeira turma do projeto intitulado Pais e Filhos Alfabetizados e a iniciativa já começa a mostrar resultados. "A primeira palavra que escrevi foi meu nome, fiquei muito alegre em ver que eu tinha conseguido, porque antes eu tinha vergonha quando ia tirar meus documentos por não saber assinar e tinha que colocar o dedo, muitas vezes eu deixava de tirar os documentos", é o que relata a dona de casa Deuziane Alonso, de 28 anos e mãe de três filhos.
Para a diretora da escola, Nilva Lima, quando os pais conhecem a realidade escolar os dois lados saem vitoriosos. " Na escola estamos nos cansando bastante, mas o meu alívio é na hora que estou educando os pais. Eles nos ajudam em vários aspectos, porque esse pai começa a vivenciar o dia a dia na escola e vai percebendo as dificuldades existentes", completa a gestora.
Conheça o projeto
Implantado em maio de 2009, o projeto Pais e Filhos Alfabetizados teve início de forma muito tímida com apenas 20 pessoas dispostas a enfrentar o desafio de se alfabetizar depois de adultos. O envolvimento da turma foi tanta que despertou o interesse em mais pessoas, e hoje, já são mais de quarenta pais matriculados.
As aulas são ministradas por professores voluntários do programa Alfa 100 e também da Georgete Kalume, que utilizam os livros do Programa ALFA 100 (caderno de florestania). Por serem jovens e adultos, a metodologia vislumbra atividades que despertem a atenção. Em todo momento, o professor registra os avanços e as dificuldades encontradas e busca mecanismos para minimizar os problemas relacionados com a leitura e a escrita, como a Mala Viajante, espécie de mochila escolar itinerante que contém livros para serem lidos em casa.
Há ainda a ideia de oferecer cursos profissionalizantes, além de palestras sobre controle de natalidade, prevenção de drogas, doenças sexualmente transmissíveis, artes, estética e prevenção de acidentes que irão promover o aperfeiçoamento profissional e social.
De acordo com o calendário do Alfa 100, em oito meses, todos os pais estarão recebendo o diploma de alfabetizados, mas desta vez assinados de caneta.
Assista ao vídeo da escola candidata
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