Programa Saúde do Homem incentiva a prevenção de doenças

Objetivo é melhorar a qualidade de vida e reduzir os índices de doenças e mortes

A cada três mortes de pessoas adultas, duas são de homens. Eles vivem, em média, sete anos menos do que as mulheres e têm mais doenças do coração, câncer, diabetes, colesterol e pressão arterial elevada. Entendendo que esses agravos são um problema de saúde pública, o Ministério da Saúde (MS) lançou em 2009 a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) para a promoção e ampliação do acesso masculino aos serviços de saúde.

No Acre, o Programa Estadual de Saúde do Homem também estará na abertura da Expoacre 2011 com a comitiva “É o Governo do Acre Cuidando da Saúde do Homem”. A ação conta com parcerias de empresas e instituições públicas e privadas e tem como objetivo promover uma mudança cultural na população masculina e, assim, incentivá-los a procurar os serviços de saúde, uma vez que nas feiras de agropecuária a maioria do público é do sexo masculino.

Também haverá um estande nos dias de feira, onde uma equipe formada por profissionais de saúde e também por voluntários de vários segmentos da sociedade estarão desenvolvendo algumas ações, como distribuição de preservativos e materiais informativos e educativos sobre os cuidados com a saúde do homem, fundamentais para a prevenção de doenças. De acordo com o coordenador do Programa Estadual de Saúde do Homem, médico urologista Mauro Trindade, o processo de implantação dessa política no Estado vem sendo debatido desde 2010.

“O primeiro passo já foi dado. Desde o ano passado, algumas ações já estavam sendo desenvolvidas aqui na capital e em Cruzeiro do Sul. Agora vamos fortalecer a política implantando o programa em todos os municípios acreanos. Já entramos em contato com os prefeitos e secretários municipais de Saúde, pois as parcerias com os municípios são fundamentais para o sucesso dessa política”, ressalta o médico.

A expectativa do governo é de que, por meio dessa iniciativa, pelo menos 80% dos homens acreanos na faixa etária de 20 ao 59 anos procurem o serviço de saúde ao menos uma vez por ano. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – primeiros dados do Censo Demográfico 2010 -, a população do Acre é de 732.793 habitantes, dos quais 367.864 são homens.

Em março deste ano foi realizada a campanha Movimento pela Saúde Masculina, para conscientizar os homens acreanos sobre a importância dos exames preventivos para o combate e diagnóstico precoce de doenças relacionadas à próstata, disfunção erétil e câncer de pênis. A ação foi desenvolvida em Rio Branco pela Sociedade Brasileira de Urologia, na qual foram atendidos cerca de 100 homens por dia em um caminhão-consultório estacionado em frente ao Palácio Rio Branco.

Ainda de acordo com Mauro Trindade, o MS preconiza que as ações do PNAISH sejam desenvolvidas pela Atenção Básica, por meio do Programa Saúde da Família, e que cada município deve ter, no mínimo, uma unidade de referência. Já o Estado fica responsável pelo acolhimento dos usuários que necessitem de intervenções cirúrgicas ou exames complementares.

“Cabe aos municípios desenvolver as ações e encaminhar as demandas para o Estado, pois a atenção básica é a porta de entrada para os serviços de saúde. Cada município deve ter uma unidade de referência – no caso de Rio Branco, a referência provavelmente será no Centro de Saúde da Vila Ivonete, por ser uma unidade de fácil acesso. Os casos diagnosticados como de média e alta complexidades, como de cirurgias ou exames, por exemplo, serão encaminhados para as Unidades de Saúde do Estado”, informa.

Para Mauro Trindade, as ações de saúde direcionadas ao homem vão contribuir para a melhoria da qualidade de vida e redução dos altos índices de doenças e mortes na população masculina, uma vez que já foi comprovado por meio de pesquisas que os homens vivem menos e adoecem mais, pois, na maioria das vezes, só recorrem aos serviços de saúde quando a doença já  está avançada.

“Há tempos havia necessidade de uma atenção maior à saúde do homem, pois já temos as políticas de atenção à saúde da criança, da mulher e do idoso, mas para o homem adulto ainda não havia nada específico. Precisamos incentivar os homens a procurarem os serviços de saúde, pois com o diagnóstico precoce é mais fácil tratar e evitar o agravo da doença. Só assim podemos diminuir os índices de morbimortalidade masculina no Estado”, finaliza Trindade.

“A iniciativa é gratificante, porque nós, homens, temos preconceito, por causa das barreiras culturais, em procurar um médico, assim como as mulheres fazem, e fazer os exames preventivos, principalmente o de próstata. Achamos que o homem nasceu para trabalhar e sustentar a família, e por isso não pode adoecer. Esse programa é um incentivo para que possamos procurar os serviços básicos de saúde ao menos uma vez por ano”, parabeniza o servidor público Célio Roberto.

Notificação de alguns agravos também é maior na população masculina acreana

Dados do Sistema de Informações de Notificações e Agravos (Sinam) mostram que, em 2010, foram notificados 344 casos de tuberculose, e desses 212 eram do sexo masculino. No primeiro semestre de 2011, a ocorrência foi de 173, sendo 107 em homens. O Sinam também aponta que no período de 1987 até o primeiro semestre deste ano, houve uma ocorrência de 561 casos de Aids – 329 foram no sexo masculino.

De acordo com o Sistema de Informação Clínica de Hipertensão e Diabetes (SISHIPERDIA/Datasus), 14.173 homens acreanos fazem tratamento para o controle da hipertensão e diabetes. “Todos eles estão cadastrados no sistema, recebendo acompanhamento médico e medicamentos de forma regular e sistemática. Nós temos uma prevalência, em homens, de 19,65% de pacientes hipertensos e de 4,6% de diabéticos na faixa etária de 18 anos e mais, lembrando que esses números podem ser bem maiores, visto que muitos não procuram os serviços de saúde”, informa a responsável pela Área Técnica Estadual de Hipertensão e Diabetes, Jocelene Soares.

Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Brasil a incidência de câncer para 2010 e 2011 (primeiro semestre) aponta a ocorrência de 489.270 casos novos. Na população masculina, são esperados 236.240, e os tipos mais frequentes serão os cânceres de próstata, pulmão e de pele não-melanoma. Já no Estado do Acre, a cada cem mil homens, estima-se que ocorram aproximadamente 350 novos casos de neoplasias, prevalecendo os cânceres de próstata (90 casos), de pulmão (30) e o de pele não-melanoma (120).

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