Programa Quero Ler do governo reúne cerca de 500 professores no Acre

O casal Claudineis Aguiar, 47, e Adalcilene, 42 está sendo alfabetizado pela filha, que é educadora (Foto: Gleilson Miranda/Secom)
Casal Claudineis Aguiar, 47, e Adalcilene, 42, está sendo alfabetizado pela filha, que é educadora (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

Nesta sábado, 15, o Brasil celebra o Dia dos Professores, e no Acre cerca de 500 profissionais já assumiram o compromisso de contribuir para a erradicação do analfabetismo no estado até 2018. Esses mestres fazem parte do programa Quero Ler, criado pelo governador Tião Viana, e implantado este ano pela Secretaria de Estado de Educação e Esporte (SEE).

O Quero Ler tem transformado o ambiente educacional e revelado um novo perfil de professores e de estudantes, que acreditam que o saber renova sonhos e o conhecimento pode se dar em qualquer tempo da vida.

O papel do educador é fundamental nessa jornada carregada de histórias, cidadania e emoção. Em cada espaço de formação, as salas de aula do Quero Ler, histórias se revelam entre educadores e alunos.

São narrativas como a do casal Claudineis Aguiar, 47, e Adalcilene Aguiar, 42. Eles estão sendo alfabetizados pela própria filha, Nágila Aguiar, que é educadora.

“Que coisa boa, um presente! Não seria tão gratificante com outra pessoa quanto é com ela. Um orgulho para mim”, revela Claudineis.

No Belo Jardim, as turmas de alfabetização funcionam em espaço cedido pela Paróquia do bairro.

Raimunda Ferreira do Carmo, de 76 anos, foi quem conversou com o padre. Mãe de oito filhos, ela é hoje uma das alunas mais dedicadas e reconhece o papel dos mestres no processo de aprendizado.

“Com a professora aqui, eu já sei assinar meu nome direitinho e ler um pouquinho. Já entendo muita coisa Agradeço aos professores não só por mim, mas por todos”, disse.

Uma das professoras da turma, Maria Luciana, está se formando este ano em Pedagogia. No desafio diário de ensinar adultos a ler e escrever, ela não esconde a satisfação pessoal. “Para mim está sendo muito gratificante, porque já trabalhei com ensino infantil, e trabalhar com jovens e adultos tem sido maravilhoso, por ver a mudança que tem acontecido com eles.”

O programa também tem revelado seu alcance ao chegar nos lugares mais distantes do estado semeando conhecimento. No quilômetro 12 da BR-364, um pouco depois da Colônia Souza Araújo, fica a pequena Vila Albert Sampaio. Na Escola Estadual Oscar Felício de Souza, funciona mais uma das turmas do Quero Ler.

Arnaldo Alves da Costa, 64 anos, mostra-se um dos alunos mais animados. Ele afirma que não tem tempo ruim que o faça perder uma aula. “Estou muito satisfeito com nossos parceiros e as professoras. Passo o dia trabalhando, e quando é de tarde eu chego, minha esposa faz logo a janta, eu boto o livro debaixo do braço e venho para cá.”

“Conhecimento é para a vida toda”

O aposentado Victor Felix de Mendonça já sabe ler algumas frases e afirma que conhecimento é pra vida toda (Foto Gleilson Miranda/Secom)
Aposentado Victor Felix de Mendonça já sabe ler algumas frases e afirma que conhecimento é para a vida toda (Foto Gleilson Miranda/Secom)

No Ramal Castanheira, do bairro Santa Maria, o Quero Ler tem transformado a vida de 15 alunos adultos, entre 30 e 75 anos.

A maioria tem histórias de vida parecidas: residiam no seringal, começaram a trabalhar cedo, formaram família precocemente, e a oportunidade de estudo não foi algo comum para eles.

O aposentado Victor Felix de Mendonça revela que viveu no seringal nas décadas de 1970 e 1980. Nesse tempo o estudo era uma realidade distante. Ele e a família nunca deixaram de acreditar que o momento de aprender a ler chegaria, afinal, “conhecimento é pra vida toda”.

Jornada do Quero Ler

No fim de setembro, foi celebrada a primeira Jornada do Quero Ler. A festa reuniu jovens e adultos, alunos do programa. Foi um evento paralelo das aulas, com duração de quase oito meses.

Durante a jornada, o governador Tião Viana manifestou seu orgulho com os resultados do programa.

“Esta turma já está aprendendo a mandar uma mensagem para os amigos, um familiar. Eles já não perguntam mais qual o ônibus que têm de pegar, já leem o nome nas ruas, dos comércios, já estão assinando seus documentos. Isso traz a esperança de um mundo de luz que se abre para essas pessoas. Estou muito feliz, e até 2018 o Acre será o primeiro estado do país a eliminar o analfabetismo.”

Números do Quero Ler

Em todo o Estado, já são 921 turmas, das quais 493 na zona urbana e outras 428 na zona rural, totalizando 10.450 alunos, sendo 6.140 na cidade e outros 4.310 espalhados em diversas comunidades. Até junho de 2018, a expectativa é de que ele chegue a 60 mil pessoas.

Para o secretário de Estado de Educação, Marco Brandão, o programa é resultado de uma política focada na educação não só das crianças e adolescentes, mas também de adultos. “Não podíamos deixar de atender as duas pontas que temos – as crianças, que precisam ser alfabetizadas, e os adultos, que não tinham acesso às letras. Construímos juntos um Acre em que todos têm acesso à escrita”, disse.

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