O Programa de Conservação e Recuperação de Nascentes e Mata Ciliares da Bacia do Rio Acre, realizado pelo governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), foi objeto de estudo de uma turma de alunos da rede Bionorte, Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal, que realiza o curso de doutorado em Biotecnologia e Biodiversidade no Acre e nos demais Estados da Região Norte.
O programa, lançado em 2011 pelo governador Tião Viana, tem como objetivo integrar os produtores rurais e a sociedade em geral em torno da conservação e recuperação de nascentes e matas ciliares da Bacia do Rio Acre, adotando práticas de restauração da vegetação combinadas com mecanismos de formação, comunicação e educação ambiental.
Os alunos participaram de dois dias de aula de campo em áreas de recuperação florestal da bacia do Rio Acre. Os doutorandos foram acompanhados por técnicos da Sema e visitaram seis Unidades Demonstrativas (UD), áreas reflorestadas pelo programa no projeto de assentamento Moreno Maia, situado entre Rio Branco e Senador Guiomard.
Para a diretora executiva da Sema, Magaly Medeiros, essa ação conjunta contribuiu para estreitar os laços entre a sociedade e academia. “Para a Sema, é uma satisfação poder contribuir para a aproximação da academia e a sociedade, levando conhecimentos adquiridos à demanda social.”
Segundo a chefe da Divisão de Gestão de Bacias Hidrográficas da Sema, Maria Antônia Zabala, a visita do alunos às UDs fortalece o trabalho realizado pelo governo.
“Ter esse grupo de doutorandos da Bionorte visitando e intercambiando conhecimento fortalece esses trabalhos, pois nos dá a certeza de que essas áreas estão começando a servir de laboratório de pesquisa e geração de conhecimentos importantes para possibilitar o aprimoramento das técnicas utilizadas, assim como também possibilita o engajamento desses alunos na recuperação de Áreas de Preservação Permanente.”
Com o objetivo de presenciarem na prática o trabalho de reflorestamento, alunos da disciplina de Recuperação de Áreas Degradadas visitaram as UDs e trocaram informações com os produtores rurais e os técnicos responsáveis pela implantação do programa na região.
Para o professor da Rede Bionorte, Pedro Plese, essa visita às áreas recuperadas pela Sema serviu de estudo de caso para os alunos e mostrou a importância do trabalho realizado pelo governo em relação à recuperação das matas ciliares.
“Esses dois dias de visitas foram fundamentais no processo de aprendizagem dos alunos do curso de doutorado, na disciplina de Recuperação de Áreas Degradas, pois a Sema vem realizando um trabalho eficiente de recuperação da bacia do Rio Acre e que já mostra bons resultados. Com a visita, percebemos que o produtor participa do processo, e isso mostra que o programa traz um resultado positivo para a sociedade”.
O doutorando Antônio Oliveira conta que conhecer na prática o trabalho de recuperação florestal realizado pelo Estado foi enriquecedor para o aprendizado.
“Aprender na prática sempre é melhor para os alunos. O programa de recuperação realizado pela Sema mostra que a preservação ambiental pode sair da teoria e se concretizar”, finalizou.
Mais Renda através do reflorestamento
O produtor rural e o ribeirinho são as peças fundamentais no processo de recuperação e preservação da bacia do Rio Acre. O governo conta com apoio desses homens, que dependem da floresta e do rio para a sobrevivência. E é com esse espírito de parceria que os órgãos ambientais e proprietários rurais recuperam as áreas degradadas do Estado.
O governo dá todo o suporte técnico, com doação das mudas e insumos. Ouvindo os produtores, o governo percebeu que poderia juntar a recuperação das áreas desmatadas com o auxílio na fonte de renda do homem do campo. Portanto, passou a doar aos produtores mudas de espécies frutíferas, cujos frutos possam ser comercializados futuramente e gerar renda para esses produtores.
Para o produtor rural Arizaldo da Silva, que tem dentro da sua propriedade uma área de UD, mesmo com as adversidades do tempo, onde a última cheia matou muitas mudas, o processo de reflorestamento está bem encaminhado, e agora, com as frutíferas, o programa vai contribuir diretamente com o produtor.
“Fico feliz por estar contribuindo com o programa, pois penso na preservação da mata e do Rio Acre, que são fundamentais para a minha existência e da minha família. Com a ideia de usar mudas frutíferas no processo de reflorestamento, posso contribuir com o meio ambiente e ao mesmo tempo ter uma fonte de renda extra.”
Levando a preservação ambiental até as escolas
Durante a visita às áreas de recuperação florestal no Moreno Maia, a equipe visitou a escola estadual Ena Oliveira de Paula, que fica próxima a uma UD, e levou a mensagem de compromisso com a preservação ambiental a alunos e professores. Maria Antônia enfatizou a importância do apoio das escolas na parte da educação ambiental.
“Quando elaboramos o programa, enfatizamos a importância dessa parceria com as comunidades escolares, pois entendemos que ensinamentos a respeito da importância da natureza e da íntima relação que há entre todos os seres vivos, incluindo o ser humano, devem ser transmitidos às crianças. São elas as pessoas com maior capacidade de compreensão e assimilação de fatores importantes que farão diferença para suas próprias vidas e para as vidas dos demais indivíduos dependentes dos rios e das florestas.”
De acordo com o coordenador de ensino, Jean Humberto, a parceria entre o governo e as escolas em relação ao meio ambiente é importante para os alunos, principalmente os da zona rural.
“A iniciativa da Sema de trazer o debate sobre o meio ambiente até as escolas é de suma importância, pois enriquece a educação e conscientiza os jovens do nosso Estado. Os alunos precisam ter contato com a temática ambiental para serem agentes no processo de preservação”, disse.
Para o técnico da Sema e defensor da causa de preservação do Rio Acre Claudemir Mesquita, o sentimento de recuperação e preservação da bacia hidrográfica precisa ser levado a todos.
“Fico feliz por participar dessa atividade, pois levo às comunidades a importância da preservação ambiental, e essas pessoas se tornam multiplicadores da causa. A participação da comunidade é fundamental, pois eles são os agentes ativos dessa mudança”, completou.