A jornalista Janaina Goulart, Especialista Sênior em Comunicação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), esteve no Acre para a produção de uma matéria destacando os casos de sucesso do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Acre (PDSA I). O material elaborado será apresentado durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio +20.
Leia mais Melhores práticas ambientais do país estão no Acre, afirmam pesquisadores Governo e sociedade acreana consolidam a Carta de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia |
O objetivo é apresentar os resultados do programa, que tem como foco a sustentabilidade, inclusão produtiva e crescimento econômico. O Manejo Florestal implantado no Seringal Cachoeira, no município de Xapuri, foi o projeto escolhido para a visita.
Para o BID, grande investidor em projetos que visam a sustentabilidade, os projetos do Acre são os mais emblemáticos, tanto pela participação da comunidade quanto pelo envolvimento do poder público. Segundo Janaina Goulart, a ideia inicial é mostrar para a comunidade internacional e imprensa, por meio dos mecanismos de comunicação, um pouco do que tem sido feito no Acre, no que tange à sustentabilidade. Para ela, o Acre seguramente serve de exemplo para outros países e outras regiões do Brasil.
Conhecendo a Comunidade
Segundo o relatório final do PDSA I, durante a implantação do Plano de Governo da época, foi constatado que uma das barreiras encontradas ao desenvolvimento econômico da região estava no alto custo de transporte e locomoção. O escoamento da produção era um entrave e, por conseguinte, o crescimento e melhora na qualidade de vida dos extrativistas que se encontravam nos seringais e zona rural do estado.
Antônio Teixeria Mendes, extrativista, também conta os avanços na produção e melhoria de vida após a abertura de ramais e a implantação da prática de manejo florestal sustentável a partir de 2003, início de implantação do PDSA I, tudo isso com o financiamento do BID.
Janaina visitou colocações, áreas de manejo sustentável e conversou com seringueiros. O casal Vital Barros e Aurília de Oliveira, da Colocação Santa Cruz no Seringal, foram entrevistados pela jornalista. Eles possuem três estradas de seringa,trabalham com o manejo de árvores e contam que após a infraestrutura dos ramais, a partir de 2003, a vida melhorou, pois a partir daí chegaram outros benefícios, como a instalação da rede elétrica, a melhoria da locomoção para outras localidades e o escoamento da produção.“Antes a gente levava um dia a pé pra chegar a Xapuri, se tivesse alguém doente. Casamento e registro só quando o padre vinha e fazia de todo mundo, hoje tá melhor, quase todo mundo tem moto aqui, leva 40 minutos pra chegar a Xapuri, o caminhão da feira passa toda semana aqui na frente de casa, o pessoal da Natex vem pegar minha produção aqui em casa”, conta Vital Barros, seringueiro que nasceu na mesma colocação que vive até hoje.
Após a visita aos extrativistas e comunidade, a jornalista destacou dois pontos em sua avaliação. Primeiro foi o apoio fundamental do governo e a mobilização social, que segundo Janaina, está bem forte o tempo todo: “Um sem o outro dificilmente estaria no nível que a gente consegue presenciar hoje”, afirma. E segundo, a conscientização popular e a interação da comunidade com o projeto. “É uma coisa surpreendente, no sentido de que já se tenha tanto conhecimento técnico e metodológico de como manejar as ferramentas, e manejar os bens públicos que aqui estão. Isso impressiona bastante, a gente vê que o projeto só tem sucesso porque existe a conscientização local, mobilização local e, naturalmente, o apoio do governo. Sem isso, dificilmente a legislação e os mecanismos públicos acompanhariam essa dinâmica”, concluiu.
O Programa de Desenvolvimento Sustentável do Acre
O relatório de avaliação final do PDSA I mostra que o objetivo geral do Programa foi a melhoria na qualidade de vida da população e a preservação do patrimônio natural do Estado do Acre em longo prazo.
Com uma política florestal fortalecida, o aumento das áreas de manejo florestal e de Unidades de Conservação e Florestas Públicas, a valorização da floresta em pé e a diminuição das queimadas, possibilitaram ao Estado conseguir a redução da taxa anual de desmatamento de 0,54% (2002) para 0,14% em 2008 e aumentar a sua Taxa de crescimento real do PIB de 1,1% (2003) para 6,5% em 2007.
No período de 2002 a 2010, o Programa alcançou resultados positivos nos três objetivos específicos: Modernizar a capacidade da gestão ambiental do Estado e assegurar o uso eficiente dos recursos naturais; Aumentar a taxa de crescimento do setor silvo-agropecuário e gerar emprego; Reduzir os custos de transporte e aumentar o acesso à eletrificação rural no Acre.
Galeria de imagens