De dezembro de 2021 até agora, o programa, que é gerido pela Sejusp, já atendeu mais de 3,5 mil crianças e adolescentes em todo o estado
Atento à voz gutural do cabo José Dourado, o menino Marcos Guilherme dos Santos, de 11 anos, estudante do 6º ano do ensino fundamental, esperava ansiosamente pela primeira oportunidade de participar do concerto da Gloriosa, como é carinhosamente chamada a banda de música da Polícia Militar do Estado do Acre (PMAC) no show de talentos.
– Alguém se habilita? – perguntou o militar, convidando a criançada a cantar ou a tocar algum instrumento. Não demorou três segundos para que Marcos Guilherme levantasse do chão da quadra para se posicionar diante da bateria, sentado no banquinho e empunhando as baquetas para puxar Another Brick in The Wall, da banda Pink Floyd.
Um pouco depois, as jovens Brenda Nascimento, de 13 anos, e Yasmim Souza, de 14 anos, ambas do 8º ano, assumiriam os microfones para entoar a canção gospel Jó, da cantora Midian Lima, emocionando a garotada e o corpo docente da escola.
Foi assim, nesse ambiente de felicidade, que os técnicos da Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Estado do Acre (Sejusp) e das entidades públicas parceiras da pasta abriram mais uma edição do programa Acre pela Vida, na Vila do Incra, distante 28 quilômetros de Rio Branco, no município de Porto Acre, no fim de semana.
O tempo é de pacificação, cidadania e esperança na Escola Estadual Edmundo Pinto de Almeida Neto, instituição que sediou os trabalhos desta sexta-feira e que há três meses se viu tendo que reforçar a sua segurança pela PMAC, após ameaças de um atentado contra os estudantes.
Hoje, a escola vive a tranquilidade de contar com as ações do governo do Estado lideradas pela Sejusp. O Acre pela Vida é mais um dos muitos programas de sucesso da Segurança, formado por um conjunto de ações encabeçadas pela pasta, que também conta com o apoio de diversas outras instituições públicas.
Sua missão é a de levar dignidade a crianças, jovens, adultos e idosos que residem, sobretudo, nas áreas rurais do estado, locais que naturalmente são de difícil acesso para as pessoas aos serviços públicos. Nesta edição, mais de 20 atividades foram oferecidas à comunidade da Vila do Incra, cuja população é estimada em cinco mil pessoas.
Na sexta-feira, 21, um dos pontos altos da edição foi a interação da Banda Gloriosa com os estudantes. Em clima de descontração, a atividade serviu para revelar novos talentos que poderão fazer parte da Banda Mirim, prestes a ser criada pela PMAC na nova gestão do governo Gladson Cameli, que se inicia em 2023.
No âmbito social, os moradores receberam orientações sobre cuidados com a higiene corporal, puderam fazer testes rápidos de infecções sexualmente transmissíveis e tiveram acesso à nova carteira de identidade. Na área da cidadania, foi possível esclarecer dúvidas sobre educação sexual e entender mais sobre seus direitos e deveres, entre eles os da Lei Maria da Penha, criada para coibir a violência contra a mulher.
Nas palavras da coordenadora do programa, a delegada Mardhia El-Shawwa Pereira, que também é secretária adjunta de Justiça e Segurança Pública, “essas ações resgatam a dignidade das pessoas, ao mesmo tempo em que reafirmam a presença do Estado na comunidade”.
“É gratificante quando vemos o trabalhador rural saindo daqui satisfeito por ter retirado sua cédula de identidade. Quando vemos uma dona de casa alegre por ter obtido a orientação que precisava pra viver melhor, ou quando observamos essas crianças felizes, interagindo com nossos profissionais, se sentido protegidas”, ressaltou a secretária-adjunta, que representava o secretário Paulo Cézar Rocha dos Santos no evento.
Para a secretária de Saúde de Porto Acre, Edna Cuiabano, que representou o prefeito Bené Damasceno, a presença do Acre pela Vida no seu município é uma forma preciosa de valorizar a comunidade. “Nos sentimos orgulhosos por esta valorização, tão importante para a autoestima de nossos estudantes e também por valorizar seus pais e familiares”, ressaltou.
Desde o ano passado, mais de 3.550 crianças e adultos foram atendidos pelo Acre pela Vida. No último dia 12, por ocasião do Dia da Criança, pelo menos 600 garotas e garotos participaram das atividades do programa. Na semana de Natal, mais de mil estudantes também foram envolvidas nas atividades, enquanto que há um mês, na Vila do V, também na região do município de Porto Acre, 750 jovens puderam participar da programação. Nas atividades desta sexta-feira, foram 700 estudantes da Escola Edmundo Pinto de Almeida Neto.
O programa Acre pela Vida conta com a parceria da Polícia Civil, da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros, da Secretaria de Estado de Saúde do Acre, da Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte, e ainda tem o apoio do Departamento de Trânsito do Acre, da Federação Elias Mansour, Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDHM) e da Organização em Centros de Atendimento, a OCA.
Serviços essenciais facilitam a vida da comunidade rural
O colono Aldeir Vaz Santana levantou às 4 horas da manhã, acordou o filho Denilson, de 17 anos, tomaram um café amargo e partiram a cavalo para num percurso de 34 quilômetros desde o Projeto de Assentamento Tocantins, pelo ramal Seringueiro, até a escola, no centro da Vila do Incra.
“Viemos tirar a identidade do Denilson. Hoje, ele não foi pra aula dentro da comunidade, mas sai daqui com a carteira de identidade”, afirma Santana, empolgado com o evento. Ali, a equipe do Fundo Estadual de Segurança Pública (Fundeseg) montou uma sala com todos os dispositivos necessários para que as pessoas saíssem de lá com o documento em mãos.
Para o comandante do policiamento da PMAC na Vila do Incra, tenente Antônio Raimundo Cavalcante, a interação com as crianças, ao mesmo tempo que são oferecidos serviços importantes para suas famílias, orgulha toda a comunidade e repassa um sentimento de que eles não estão sozinhos.
“O braço amigo do poder público permite que as pessoas se sintam confiantes, que entendam que não estão desemparadas, mas, pelo contrário, são muito importantes para as nossas instituições públicas”, ressalta Cavalcante.
A pasta da SEASDHM, por exemplo, levou o seu ônibus rosa para atender mulheres vítimas de violência ou esclarecer dúvidas sobre direitos. “Estaremos sempre à disposição das pessoas. Onde houver uma demanda pelo bem-estar das mulheres estaremos lá”, pontua Isabela Fernandes, chefe do Departamento de Promoção de Políticas para Mulheres da pasta.