A melancia é uma fruta saborosa e refrescante, sendo usada até como sobremesa de baixa caloria. Apesar do tamanho avantajado, o plantio do fruto não requer grandes espaços, o que é uma vantagem para pequenos produtores interessados em lidar com pomares de cultivo rentável. Além disso, do momento da plantação até a colheita são apenas 60 dias de espera.
Na região conhecida como Baixa Verde, localizada na BR-317, em Senador Guiomard, vivem aproximadamente 250 famílias, e a produtividade do fruto é alta. Natural de São Paulo, o produtor José Rodrigues e sua família têm apostado no cultivo da melancia no Acre há pelo menos 13 anos, em 26 hectares plantados da fruta.
Há alguns anos, a melancia era quase toda importada da região Centro-Sul do país, mas, com o apoio do governo do estado no fornecimento de assistência técnica e maquinário agrícola, aliado à coragem e à persistência dos produtores, essa realidade tem mudado.
“Desde o início contei com apoio do governo e isso fez toda a diferença. Recebemos incentivos com maquinários, trator e caminhão para preparar a terra. E ainda hoje recebo ajuda, sempre que podem não negam contribuir, o secretário Nenê Junqueira [Produção], prometeu um silo graneleiro e um secador de milho moderno para podermos separar por qualidade. Estou muito entusiasmado com essa nova gestão, o secretário é gente como a gente, fala nossa linguagem, também é produtor, estou confiante”, diz Rodrigues.
Além do cultivo da melancia, o produtor relata que também produz abóbora híbrida e paulistinha, milho, feijão e morango vermelho. Ele explica ainda que chegou ao Acre com muitos sonhos e vontade de “fazer acontecer”. Hoje, sua produção, tanto de melancia quanto de milho, abastece o mercado acreano, desde as principais redes de supermercados até a Central de Abastecimento de Rio Branco (Ceasa).
O governo do Acre tem se empenhado para que outros produtores também possam contar histórias de sucesso como essa. O objetivo é aumentar a produção para em breve tornar o Acre autossuficiente, capaz de produzir para consumo próprio.
Donizete de Souza produz melancia na região há cerca de seis anos, e fala sobre a importância de contar com apoio do governo: “Eu jamais teria avançado como avancei sem contar com esse apoio, hoje tenho mais de dez hectares de terra irrigada, e sozinho não conseguiria chegar nessa dimensão; minha expectativa é de crescer ainda mais”, relata.
Também Francisco Gomes, natural do Amazonas e que mora no Acre desde 2001, iniciou o trabalho com plantio de melancia. Hoje possui seis mil pés da plantação, e em breve espera plantar mais dez mil. “Coragem e vontade de trabalhar nós temos. Agora precisamos contar com o apoio do governo, sobretudo para a mecanização, porque muitas vezes fica pesado arcar com esses custos. Temos a nosso favor um solo favorável, rico em nutrientes, que contribui para uma produção saudável”, observa.
Anemildo Nascimento também é produtor de melancia e outros frutos na região. Nascido em Xapuri, o agricultor, que antes vivia como empreendedor no ramo de roupas, largou tudo para viver da agricultura e afirma que fez a melhor escolha.
“Comecei com a melancia, mas agora já tenho plantações de milho, macaxeira e mamão. Eu tinha três lojinhas no centro de Rio Branco, e larguei tudo pela agricultura. porque amo o que eu faço aqui. O que eu planto nasce, e isso é muito gratificante”, disse.
Os agricultores aproveitaram a oportunidade para pedir que o governo ajude garantir a comercialização das melancias, uma vez que possuem produção direta, de janeiro a janeiro. O objetivo dos produtores é que os donos das redes de supermercados possam ter um olhar diferenciado ao que é produzido em solo acreano e deem prioridade aos produtos da terra.
“Estamos a 15 quilômetros do mercado. Eu ponho a melancia aqui dentro do caminhão e ela chega no destino final do jeitinho que saiu daqui, sem sofrer nenhum desgaste com viagens longas. A melancia que vem de fora sofre com o impacto da viagem, de pelo menos três ou quatro dias, dentro de um caminhão, com lona e toda amarrada, acaba perdendo até o gosto. Já a que produzimos aqui não, essa chega aos mercados saborosa”, conta José Rodrigues.