Produtor rural acredita na expansão da cadeia produtiva do mel na capital

O produtor rural Paulo Faustino da Rocha executa a meliponicultura como atividade secundária (Foto: Angela Peres/Secom)
O produtor rural Paulo Faustino da Rocha executa a meliponicultura como atividade secundária (Foto: Angela Peres/Secom)

Em menos de meia-hora, Paulo Faustino da Rocha deixa a região central de Rio Branco rumo ao endereço de moradia das últimas quatro décadas, numa área verde abrigada no quilômetro 5 da BR-364. Lá, o produtor de 64 anos possui uma propriedade rural onde a venda de galinhas, patos, frangos e peixes garante o sustento da família.

Desde o ano passado, a meliponicultura (criação de abelhas sem ferrão) também foi incorporada como atividade secundária, mesmo que antes houvesse descrença da parte dele. Mas, com a prospecção de uma alternativa viável para a expansão econômica e ambiental, a resistência foi superada naturalmente.

O fato é que um dia, interessada na compra de galinha caipira, a servidora pública Edna Costa descobriu o paraíso particular de Conceição da Rocha, mulher de Paulo. Após o contato inicial e a frequência das visitas, o programa de desenvolvimento da cadeia produtiva do mel surgiu pela primeira vez nos bate-papos.

Nas andanças sob o frescor da sombra das árvores, preservadas com consciência social, Edna se utilizou de sua experiência de 30 anos na Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof) para investigar o potencial da meliponicultura nos 20 hectares de terra do casal. E a suspeita sobre a adequabilidade acabou confirmada.

À época, Paulo Faustino passou por uma capacitação e ainda transmitiu o que já sabia sobre o assunto – herança do pai – para auxiliar na aplicação da metodologia, além de receber caixas adaptadas para o cultivo das melíponas (abelhas nativas). Hoje, Conceição revela que o marido, antes resistente diante da iniciativa, está contente com a nova rotina: “Ele tá morto de feliz!”.

Criação de abelhas

A criação de abelhas é indicada como terapia ocupacional para o público idoso (Foto: Angela Peres/Secom)
Criação de abelhas é indicada como terapia ocupacional para o público idoso (Foto: Angela Peres/Secom)

Pela ausência de ferrão, os insetos podem ser cultivados por candidatos de qualquer idade – especialmente como terapia ocupacional para o público idoso – e ainda próximo às residências. Porém, a orientação é que o local seja isolado do trânsito de pessoas e animais para não prejudicar a formação dos meliponários (colmeias).

Para o meio ambiente também há benefícios significativos. A exemplo dos humanos, as abelhas são organismos de natureza social que necessitam de segurança e estrutura específica. É delas o papel da polinização, ato que assegura a reprodução de plantas e, assim, torna-se indispensável para a conservação do ecossistema.

No Acre, o estímulo do governo à meliponicultura propõe ações educativas baseadas na compreensão de que a floresta deve ser respeitada como principal origem de riqueza dos povos tradicionais. Dessa forma, os produtores familiares cumprem o desafio de promover a exploração aliada à conservação das espécies nativas.

“Após capacitados no programa, os grupos passam a divulgar a atividade para os vizinhos, que, por sua vez, dão conta da existência de abelhas em suas propriedades, cuja adesão é implementada a partir das condições e do interesse dos envolvidos”, explica Maria Nogueira, da Seaprof.

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