Produções da Região Norte marcam a abertura do Festival Pachamama

Produções gravadas no Acre e no Amazonas foram exibidas na abertura do festival (Foto: Diego Gurgel/Secom)
Produções gravadas no Acre e no Amazonas foram exibidas na abertura do festival (Foto: Diego Gurgel/Secom)

Uma iniciativa ousada foi pensada há sete anos por amantes do audiovisual: trazer ao Acre, um estado localizado no extremo Norte do Brasil e que faz fronteira com dois países – Bolívia e Peru – um festival de cinema que abrange muito mais do que mostra de filmes, promovendo aos moradores de Rio Branco e seus visitantes um intercâmbio cultural, bate-papos, palestras e oficinas, entre outros.

Assim, nasceu o Festival Pachamama – Cinema de Fronteira, que a cada ano se consolida como um dos principais festivais latinos do mundo, e que se diferencia por ser realizado em um estado longe das grandes capitais do país, mas que está situado no centro da América Latina.

A edição 2016 do evento se iniciou na noite de sábado, 19, no Cine Teatro Recreio. Na ocasião, foram exibidos os filmes “Monteirinho: O Sanfoneiro da Floresta”, do acreano Clemilson Farias, e “Antes o Tempo Não Acabava”, que foi gravado no Amazonas, com direção de Sérgio Andrade e Fábio Baldo. Ao final, foi oferecido aos convidados o Baile dos Seringueiros, festa embalada ao som do homenageado Francisco Monteiro.

O festival, que neste ano tem como tema “Cinema de Fronteiras para um Mundo sem Nenhuma”, segue até o dia 26 próximo, e terá em sua programação debates, lançamentos de livros, espetáculo cênico, sessões ao ar livre nos bairros, oficinas e mostras de filmes latinos.

O Festival Pachamama será realizado até o dia 26, em Rio Branco (Foto: Diego Gurgel/Secom)
O Festival Pachamama será realizado até o dia 26, em Rio Branco (Foto: Diego Gurgel/Secom)

O realizador do Pachamama, Sérgio de Carvalho, lembrou que a primeira edição começou apenas com três filmes, e foi lançado junto com a reinauguração do Cine Teatro Recreio, que virou palco oficial do evento anualmente. Neste ano, são cerca de 70 filmes e mais de 20 convidados.

“Nossa intenção com o festival é ir além de mostras de filmes: nós queremos debater sobre o mundo que estamos vivendo e sobre a sociedade que estamos construindo. São momentos de encontros, pois estamos aqui com muitos convidados latinos e brasileiros. Então, é uma oportunidade pra gente conversar, celebrar, assistir filmes e romper essas fronteiras”, diz.

Cinema da Região Norte

Produções realizadas na Região Norte foram o grande destaque da abertura do Festival Pachamama. A primeira obra exibida foi o documentário sobre o acreano Francisco Monteiro, intitulado “Monteirinho: O Sanfoneiro da Floresta”. Na ocasião, o sanfoneiro foi homenageado pela organização do evento.

“Me sinto feliz e gratificado por ser lembrado em um momento como esse”, destacou Monteiro. Produzido pelo diretor, também acreano, Clemilson Farias, o curta foi possível graças à aprovação do projeto pela Lei de Incentivo à Cultura do Município.

“A ideia seria apresentar um pouco do Monteirinho e o que o inspira, e acredito que conseguimos. Para mim, apresentar minha obra em um festival que já é considerado de grande dimensão como o Pachamama e ainda dentro do meu próprio estado é muito bom”, afirma Clemilson.

A segunda exibição da noite foi com o filme “Antes o Tempo Não Acabava”. Aclamada pela crítica internacional, a obra, produzida no Amazonas, já foi lançada em festivais de Berlim e da França.

Tratando de questões polêmicas, como a homossexualidade no meio indígena, o filme também foi vencedor nas categorias de Melhor Ator e Melhor Filme no Festival de Vitória, na mesma noite em que foi lançado no Pachamama.

“O filme faz a gente refletir sobre a questão indígena de uma maneira inversa, pois é a história de um índio que parece querer ser branco. Apresentamos um extrato da população de Manaus que é mesclado com a própria gênese deles. É um filme que leva ao debate e era isso que pretendíamos”, destaca o diretor, Sérgio Andrade.

Apoio institucional

Neste ano, a realização do festival foi possível graças à liberação da emenda parlamentar, feita há cerca de quatro anos, da até então deputada federal Perpétua Almeida.

Por se tratar de recurso, o valor precisa tramitar por meio de uma entidade pública, por isso, a Fundação Elias Mansour (FEM), que representa o setor da esfera estadual da cultura, passou a ser responsável pelo gerenciamento do Pachamama.

“Neste momento, somos uma ponte, mas também uma fronteira que se rompe, permitindo que a sociedade civil possa agir, atuar e realizar aquilo que se propõe com o dinheiro das emendas parlamentares”, afirma a diretora-presidente da FEM, Karla Martins.

O evento conta, ainda, com a realização da Saci Filmes, Yaneramak Films e Ministério da Cultura, com patrocínio do Banco da Amazônia e apoio da Mistika, Cineclubes Opiniões, Cinema das Ideias, Canal Brasil, Jornal Opinião, Best Western Plus e Prefeitura de Rio Branco.

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