Todos os 22 municípios estão engajados na batalha. Operações de fiscalização já aplicaram mais de R$ 2 milhões em multas
Na manhã desta terça-feira, 24, prefeitos e representantes dos 22 municípios do Acre se reuniram para discutir ações de combate às queimadas com a SEMA, IMAC, MPE e parceiros. O encontro foi realizado na sede da Associação de Municípios do Acre (AMAC) e foi o momento para apresentar as últimas informações sobre as queimadas. Os participantes também aproveitaram para alinhar as estratégias de combate e fortalecimento da fiscalização em cada município.
O Governo do Estado estava fazendo uma caravana para conversar com cada prefeito, mas a iniciativa da associação agilizou o processo e criou uma boa oportunidade para cada prefeito mostrar o que está fazendo e quais as necessidades urgentes. Também foi o momento para todos apresentarem ideias para impedir que a situação piore.
"Não podemos ficar omissos neste momento de tanta preocupação, de tanta gravidade. Temos que criar uma mobilização da sociedade, envolvendo escolas, igrejas e a sociedade organizada. A população tem que se conscientizar de que a responsabilidade é de todos", disse o prefeito de Rio Branco e presidente da AMAC, Raimundo Angelim.
A fiscalização está sendo rígida com todas as queimadas e seus responsáveis. Uma força-tarefa envolve IMAC, IBAMA, Polícia Militar, Civil e Federal, Secretarias Municipais de Meio Ambiente, Bombeiros e Defesa Civil. O Ministério Público Estadual e Federal também estão engajados na batalha contra as queimadas. Operações de fiscalização colocam várias equipes por terra e pelo ar, todos os dias da semana.
Apenas nesta terça-feira, o IMAC está enviando 73 autos lavrados pelos fiscais ambientais do instituto por desmate e queima ilegais. Os autos somam mais de R$ 2 milhões e acompanham o embargo de 11 áreas. Também são enviados ao Ministério Público para que seja oferecida a denúncia por crime ambiental.
De acordo com os dados apresentados, o nível do Rio Acre chegou a 1,9 metro. São 22 dias sem chuvas e houve um aumento de 147% no número de denúncias de queimadas urbanas na capital em relação a 2005.
O perigo das queimadas nas cidades é grande por causa das condições do clima. Baixa umidade do ar, temperatura alta e ventos geralmente espalham o fogo ateado em lixo e quintais. Na zona rural, o fogo geralmente começa na beira da estrada, queima o pasto e chega rapidamente na floresta.
Em Mâncio Lima, como em todo Juruá, os focos estão muito intensos. E ainda existe o agravo da fumaça que vem do Peru. "Com as informações desta reunião, nós poderemos avaliar e planejar as salas de situação em cada município", afirmou o prefeito de Mâncio Lima, Cleidson Rocha.
"O fogo atravessa a fronteira, mas nós estamos com uma equipe boa combatendo todos os focos. Nós temos recebido bastante ajuda dos bombeiros e da defesa civil no nosso município", relatou o prefeito de Epitaciolândia, José Ronaldo.
O governo, graças a várias parcerias, conseguiu aumentar a cobertura da fiscalização. Hoje existe a sala de situação que reúne todas as informações sobre queimadas no estado, 24 horas por dia, todos os dias da semana. Além das imagens de satélites são utilizados dois helicópteros, um do IBAMA e outro do Estado, e mais um avião que é fruto de um convênio com a Universidade Federal de Viçosa. Mas a ação da população é que dá maior resultado no sentido de evitar que o fogo comece. O combate ao incêndio, por sua vez, é perigoso para os homens e muito mais dispendioso.
"No dia de ontem, o Corpo de Bombeiros estava dividido em seis locais diferentes, combatendo incêndios florestais", completou o secretário de Meio Ambiente, Eufran Amaral.
Com a seca e as queimadas a saúde de toda população é prejudicada. Todos os municípios registram um aumento de procura nos centros de saúde. E outro problema sério ameaça os lares acreanos. O grande desperdício de água pela população pode causar o desabastecimento em algumas cidades. Rio Branco, por exemplo, já está usando alternativas para captação de água.
O esforço conjunto pretende evitar que aconteçam grandes incêndios florestas no estado. De acordo com o pesquisador, Foster Brown, as florestas que já queimaram em 2005 ficam mais suscetíveis ao fogo em anos seguintes. "O que queimou em 2005 agora é combustível esperando para queimar este ano. E um estudo mostra que as regiões afetadas pelo fogo sofrem um empobrecimento econômico", explicou.