“O amor está lá como a luz das estrelas. Quem se importa se estão vivas ou mortas? Brilham e ponto final. E mesmo que de dia você não as veja, sabe que estão lá.”
(Cláudio Magris)
Trabalhe, conquiste, se apaixone, namore, case e, óbvio, seja feliz. Muita gente vê isso como o lugar seguro de uma vida de sucesso. E se você não encontrar o amor da sua vida? E se não der tempo de completar as tarefas? Será que te julgarão feliz? Sempre refleti acerca do casamento e do amor, pois na condição de mulher, depois dos 23 anos, as pessoas te indagam…”Já se casou?”
Tim Maia, o cantor das baladas românticas, já recitava: “Vou pedir pra você ficar, vou pedir pra você voltar, eu te amo, eu te quero bem”. O que sabemos sobre o amor? Esse sentimento já brincava com deuses e mortais e era caracterizado na cultura grega como amor Eros, Fília e Ágape, respectivamente aquele relacionado à sexualidade, o segundo à amizade e por último, o espiritual.
Enfim, o cupido de muita gente errou nos enlaces, além de não ter previsto a pandemia de 2020, já que o número de divórcios e términos de relacionamentos cresceu demasiadamente. Paralelo a isso, Regina Navarro, psicanalista, diz: “O amor é uma construção social que se iniciou no século XII e foi intensificada nos filmes hollywoodianos de 1940”.
Conflitos, carências, ciúmes e liberdade são vetores ativos em qualquer relacionamento. Apesar de discordâncias, ideais e alguns excessos, o amor tenta vencer por meio da confiança, atenção e simplicidade. Assim como imortalizou Carlos Drummond: “O amor antigo tem raízes fundas, feitas de sofrimento e de beleza. Por aquelas mergulha no infinito, e por estas suplanta a natureza”.
Ah, o amor. Ele está em nós. Amar é doar, é ser gentil. Esse sentimento tão nobre é semelhante à água, recurso da natureza, calmante natural. Talvez, se os peixes pudessem falar, concordariam e manifestariam sentimentos e emoções, já que, como seres aquáticos, experimentam as belezas dos oceanos, mares, lagos e rios. Mas por que falar da água, o que tem ela a ver com o amor? A água é fundamental. O corpo de um adulto é composto por 70% de água, mas… e nós? Somos, de fato, repletos de amor?
Infelizmente, o amor tem sido muito exposto a provas, principalmente provas da mídia. Hoje, se você não cursa Direito por amor, algo de errado há. Assim como as outras profissões. A crítica é necessária, muitos profissionais têm feito “tudo por amor”, mas o amor não aparece, até porque não tem essência, só tem forma. Além disso, o amor pelos outros também é frequentemente debatido, sobretudo nos corredores, já pensou se as paredes tivessem escutas? Isso é ter amor? É ser coerente? É tem bom senso? Questão fácil de responder.
E o amor entre os pares? Aquele apagão. Apaixonar-se é lindo, né? Tudo é alegria e o céu é sempre azul. Olhares, sorrisos, antes estranhos, agora companheiros. Às vezes, até parece que se apaixonar é estar em um aquário, só se vê aquele ambiente, aqueles peixinhos constantemente. O ritmo parece ser igual. Por isso é tão ruim quando um peixinho morre ou o trocam de aquário. Ai está uma comparação fatídica dos memes do século XXI: “Minha idade não me permite mais sofrer por amor, se me vir triste é porque tô sem dinheiro”. Parece natural atribuir a tristeza à falta de dinheiro, será esse o reflexo da sociedade atual?
Mas existem muitas pessoas que morrem por amor, é comum ver e escutar histórias de policiais e bombeiros que salvam vidas de milhares, são heróis, não é só a profissão, é o amor de doar a vida todas as horas, todos os dias, todos os anos. A estrada que leva ao amor não é fácil, aliás, é complexa em diferentes aspectos, mas com perseverança e humildade é possível chegar lá.
Danna Anute é estagiária de Jornalismo na Fundação Hospitalar do Acre.