Pequenos negócios transformam sonhos em realidade no Juruá

Expedito Ribeiro fez trabalho itinerante para cadastrar famílias, hoje atende cerca de 30 pessoas por dia na SEPN (Foto: Diego Gurgel/Secom)
Expedito Ribeiro fez trabalho itinerante para cadastrar famílias, hoje atende cerca de 30 pessoas por dia na SEPN (Foto: Diego Gurgel/Secom)

Qualificar e estimular o empreendedorismo em famílias que vivem na situação de extrema pobreza e, para isso, fazendo cessão de equipamentos, são partes da missão da Secretaria de Estado de Pequenos Negócios (SEPN). “Transformar dificuldades em oportunidades”, completa o secretário José Carlos Reis.

Para cumprir as metas a secretaria precisou ir além dos gabinetes. Precisou manter uma equipe de técnicos nas ruas, nas comunidades mais longínquas, nos lugares onde estivesse o povo. Onde estivesse uma família em situação de vulnerabilidade social, em todas as regionais do Acre.

Do atendimento itinerante ao prédio estruturado – Entre os servidores destacados para fazer o cadastro de famílias nos municípios está Expedito Ribeiro, responsável pela SEPN em Cruzeiro do Sul. Ele conta que os primeiros cadastros foram feitos com apoio das Associações de Moradores, buscando pessoas de baixa renda que são do CadÚnico. Já nas primeiras semanas foram cadastradas cerca de 300 pessoas.

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“Nesse começo da secretaria eu andava com ela nas costas, literalmente. Eu carregava uma mochila com todos os papéis, documentação. Quando precisava eu puxava da mochila e, passava os dados, as informações para os cadastrados. Isso era na rua, aonde quer que estivéssemos. Era difícil, mas nós gostávamos”, relembra.

Passada a fase itinerante de atendimentos da SEPN veio a estruturação com a instalação num prédio localizado na região central de Cruzeiro do Sul, próximo à área portuária, para facilitar o acesso dos ribeirinhos e famílias que vivem nas comunidades mais isoladas.

“Com a nossa instalação no prédio a gente atende uma média de 20 a 30 pessoas por dia. Somos um ponto de referência das famílias carentes que buscam um auxílio para mudarem de vida. Atendemos muita gente dos seringais, das comunidades porque eles sabem que somos uma secretaria do povo, que chega aonde o poder público às vezes não consegue chegar”, disse.

Ensinando a pescar as oportunidades – Após três anos de atuação da Secretaria de Estado de Pequenos Negócios no Juruá, centenas de famílias já mudaram suas vidas, principalmente financeiramente.

“Hoje temos uma faixa de 800 pequenos negócios funcionando aqui na região. Pessoas que viviam em casa, sem pretensão nenhuma e que hoje têm renda que varia de R$ 400 a R$ 2 mil por mês. Temos mudado a vida dessas famílias com nosso trabalho, com essa ideia do governador Tião Viana. São pessoas que aprendem a caminhar com os próprios pés. Demos a vara, mas principalmente, ensinamos a pescar”, completa.

Entre as 1.200 pessoas cadastradas no Vale do Juruá, estão mulheres como Aline Firmino, a Fátima Fonseca e o casal Maria Célia de Souza e Dejaci de Lima.

Com a venda de salgados, o casal Maria Célia e Dejaci de Lima triplicou a renda para R$ 1.500 mensal e consegue sustentar a família. (Foto: Diego Gurgel/Secom)
Com a venda de salgados, o casal Maria Célia e Dejaci de Lima triplicou a renda para R$ 1.500 mensal e consegue sustentar a família. (Foto: Diego Gurgel/Secom)

Empoderamento – O casal Maria Célia de Souza e Dejaci de Lima trabalha há oito anos com a venda de salgados. A jornada iniciou quando ainda moravam em Guajará, município do Amazonas próximo a Cruzeiro do Sul. “Naquela época eu nunca pensei que teria uma vida como a que tenho agora. Começamos para ter um dinheiro a mais”, declarou Maria Célia.

Na época Dejaci foi demitido do emprego e a renda da família ficou exclusivamente das vendas de salgado. Em decorrência da demissão, a família decidiu mudar-se para Cruzeiro do Sul. Nessa época o esposo vendia os salgados em um carrinho, que empurrava pelas ladeiras do município. “A gente não tinha material. Trabalhava, mas era mais devagar, porque faltava o material. Passamos por momentos difíceis”, disse.

As mudanças começaram quando Célia resolveu procurar a SEPN de sua cidade e inscrever-se no programa de Pequenos Negócios. Assim, a Maria Célia conseguiu fazer um curso de três meses de qualificação, por meio de cessão do uso, um kit de salgadeira. “Ganhei um freezer, uma estufa, um fogão, um tacho e um cilindro. Agora ficou melhor porque eu vendo em casa, antes era só na rua que meu marido levava. Ganhamos lá (na rua) e aqui (em casa)”, contou.

A renda da família, que hoje é baseada apenas nas vendas de salgados, triplicou. “Eu ganhava uma base de R$ 500 e hoje ganhamos R$ 1.500 por mês. Isso melhorou muito nossa situação”,, comemora a salgadeira.

Dejaci de Lima fala com alegria que após a qualificação e o recebimento dos equipamentos cedidos pela SEPN ficou mais fácil para trabalhar e conseguir mudar a qualidade de vida da família. “Os nossos filhos dependem da gente. Conseguimos até comprar uma televisão boa, nova e assim, a gente vai levando. Tudo que compramos para a nossa casa foi com o dinheiro da venda de “merenda” [salgados].”

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Produção própria – Num dos boxes do Mercado Municipal de Cruzeiro do Sul, a comerciante Aline Firmino administra sua lanchonete, de onde tira sua renda mensal. Apesar de ter clientela fixa, a empreendedora conta que até cerca de um ano e meio atrás precisava comprar os salgados que vendia de um fornecedor e, arcava com os riscos que a compra terceirizada pode ter.

“Se eu comprasse 30 salgados por dia, por exemplo, mas só vendesse 20, o prejuízo era todo meu. Além disso, eu precisava confiar nas pessoas porque eu não sabia a procedência. O prejuízo nas vendas me fazia comprometer mais ainda o pouco que eu ganhava. Daquele pouco eu ainda tinha que separar o dinheiro para pagar a conta de luz e restava menos ainda para mim”, comenta.

Mas, Aline Firmino não desistia de investir na venda de alimentos e a vontade de oferecer um melhor serviço aos clientes a fez buscar qualificação. Ela se inscreveu num curso de salgadeira da SEPN de seu município, com a participação e conclusão do curso, a comerciante foi beneficiada com um kit de salgadeira.

“Agora eu mesma faço os salgados que vendo, frito na hora e sei da qualidade que eles têm. Se a procurar for maior, eu posso fritar mais. Acabou a época que eu ficava com o prejuízo.”

Aline revela que sua renda mais que dobrou, a clientela aumentou e atualmente não é apenas a comerciante que celebra os avanços, a ajudante Glória Araújo também foi beneficiada. “Eu estava desempregada, era dona de casa e agora tenho meu próprio dinheiro depois que a Aline me chamou pra trabalhar com ela. Dou graças a Deus por esse trabalho”, conta Glória.

Segundo Aline Firmino, a renda líquida que ela tem depois da qualificação chega a dois salários mínimos, pouco mais de R$ 1.440. Contudo, a empreendedora revela que não pretende parar por aqui. “Depois que terminei o curso da Secretaria de Pequenos Negócios eu já fiz outro, que consegui pagar com o que ganho, para aprender a fazer bolos e tortas. Eu quero aumentar minha lanchonete, comprar cadeiras e mesas. Quero sempre me aprimorar mais”, concluiu.

Aos poucos, Aline diz que vai realizando sonhos que almejava para sua vida. Assim como Maria Célia e o esposo Dejaci Lima que também conseguem ter mais qualidade de vida com a ajuda do Governo do Estado por meio da SEPN. “Eu só posso dizer para as pessoas que acreditem nesse trabalho da Secretaria de Pequenos Negócios, do governo, porque ele existe e ajuda mesmo quem quer trabalhar”, completa. Maria Célia