Em Cruzeiro do Sul, o encerramento das atividades dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher, foi realizado na manhã desta sexta-feira, 9, com uma passeata pelas ruas centrais da cidade.
Como na sábado, 10, é também o Dia Internacional dos Direitos Humanos, muitos dos participantes portavam cartazes alertando para violações dos direitos de vários segmentos da população como dos índios, dos afro-brasileiros, da comunidade LGBT, dos idosos, das crianças, dos desempregados, das pessoas sem moradia, dos que se dizem prejudicados com a falta de democracia no Brasil, entre outros.
Desde o dia 22 de novembro, início da campanha, várias atividades ocorreram na cidade, como seminários e palestras nas escolas das zonas urbana e rural.
Elas foram promovidas especialmente por secretarias do governo do Estado, como de Políticas Públicas para as Mulheres e de Educação e Esporte, Centro de Referência dos Direitos Humanos, a Rede Reviver, que engloba vários parceiros, entre eles a Delegacia da Mulher o Ministério Público Estadual.
Para Rosalina de Oliveira Souza, coordenadora da Rede Reviver e do Centro de Atendimento à Mulher (CEAM), que todos os movimentos sociais da sociedade organizada se fizeram presentes porque hoje se vive num país onde os direitos estão sendo violados.
“O que queremos é mais democracia. Estamos aqui mostrando nossa indignação pela violação desses direitos em todos os aspectos. É um recado para nossos representantes lá em Brasília e aqui em Cruzeiro do Sul onde estão aumentando os salários do prefeito e dos vereadores enquanto o povo está desempregado e não tem como manter suas famílias. Quem ama não mata, não humilha, não maltrata; quem ama cuida. O amor deve estar acima de tudo”, disse.
Rosalina garante que o alto índice de violência contra a mulher, verificado pelas ocorrências registradas na Delegacia da Mulher, não significa necessariamente que a violência aumentou, mas sim que a conscientização das mulheres e seu empoderamento fizeram com que elas passassem a ter coragem de denunciar.
Mostrar a cara
A coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas do Instituto Federal do Acre (IFAC), Blenda Moura, participou da passeata. Ela comentou que o tempo todo se esbarra em pequenos atos de preconceito e essas pequenas violências vão evoluindo até chegar às grandes violências.
“A gente precisa sacudir, botar na rua mesmo, falar contra senão, não tem como mudar. É preciso mostrar a cara. Antigamente a gente escutava uma gracinha e ficava calado; hoje não funciona mais, as pessoas reagem”.
Durante a programação dos 16 dias de ativismo Blenda proferiu palestra em que falou da construção histórica do preconceito contra índios e negros.