Fardamento na cor preta, gandola militar dobrada até os cotovelos e a tradicional “boina vermelha”. Era nesses trajes que se apresentava um grupo composto por 30 homens, pioneiros na Polícia Militar do Acre (PMAC) na execução de “missões especiais”, seja na área tática ou de choque, pois à época não havia ainda a distinção específica como hoje. Eles atuaram desde o final da década de 70 e em toda a década de 80 e ficaram conhecidos historicamente como “boinas vermelhas”.
Com o emprego de duas viaturas modelo “veraneio” e de um caminhão “espinha de peixe” utilizados para seu transporte, a tropa “especializada” atuava em todo o Estado do Acre. Estes militares não possuíam curso de especialização na área, e sim treinamentos específicos na área sendo escolhidos, entre outras características, por seu porte físico, em meio aos demais membros da corporação e tinham como sede o Quartel do Comando Geral (QCG).
Em 1990, o grupo passou a integrar o efetivo policial do 1º Batalhão, que neste período, mais especificamente em 1996, era composto também pela famosa Companhia de Operações Especiais (COE), no qual a equipe continuou responsável, sem distinção específica, pelas duas áreas de atuação: ações táticas e choque, oportunidade em que as duas unidades (Choque e Coe) acabaram formando apenas uma.
O desmembramento das atividades iniciou em 2010, com a criação do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) e da estruturação das Companhias de Policiamento com Cães (CPCães), de Operações Especiais (Coe) e de Policiamento de Choque (CPChoque). Somente em 2013 os “choqueanos” começam a atuar em sua área específica de emprego tático – em Controle de Distúrbios Civis – e retomam o uso da “boina vermelha” em alusão àqueles que iniciaram a história da unidade, mas ao invés do preto, aderem ao uniforme camuflado urbano.
Já com uma doutrina consolidada, o grupo especializado começa a ser empregado nas atividades fins da formação de Operações de Choque, como o policiamento em praças desportivas, reintegrações de posse, controle de distúrbios civis, rebeliões em estabelecimentos prisionais e casas de internação, patrulhamento tático operacional, dentre outras.
Diferente do que ocorria no início, em que os militares eram selecionados sem uma formação voltada para a sua área de atuação, a partir do ano de 1998, a tropa começa a se especializar, por meio da participação em cursos realizados nas polícias militares de outros Estados, como São Paulo, Espírito Santo, Rondônia, Rio Grande do Norte, Amazonas, Maranhão, Rio Grande do Sul, Força Nacional, e com a realização do 1º Curso de Distúrbios Civis (1º CDC) no Estado do Acre, em 2014, que teve sua 2ª edição (2º CDC) realizada em 2019.
Os 30 pioneiros que, em 1979, comandados pelo então tenente Jordão, eram empregados nas mais variadas atividades policiais, não sonhavam que hoje teríamos, no âmbito da Segurança Pública do Estado do Acre, 92 profissionais formados na área de Operações de Choque, entre eles, 76 policiais militares formados no Estado do Acre. Cada um desses “homens” que, diariamente saem de suas casas pela “Pela Paz e pela Ordem”, que é o seu lema, mantém ”vivos” no brevê que ostentam, na boina vermelha e, principalmente, em seus corações, o ideal e o legado deixado pelos valorosos pioneiros da unidade. CHOQUE!
Wellington Mota, é Bacharel em Comunicação Social/Jornalismo e Cabo da Polícia Militar do Acre. Atualmente está lotado na Assessoria de Comunicação da corporação.